segunda-feira, novembro 29, 2004

Morrer é inevitável, mas viver é opcional

Quando chega o verão, nós, humanos, sentimo-nos atraídos pelo mar.

Multidões se reúnem nas praias procurando um contacto com as ondas do mar que lhes proporcione prazer e descanso. Porém, o caminhar do ser humano deixa um rasto fatal nas areias da praia.

Milhões de sacos de nylon e plásticos de todo o tipo são largados na costa e o vento e as marés se encarregam deos arrastar para o mar.

Uma bolsa de nylon pode navegar várias dezenas de anos sem se degradar. As tartarugas marinhas confundem-nas com as medusas e comem-nas, sufocando-se na tentativa das engolir. Milhares de golfinhos também se confundem e morrem sufocados.

Eles não têm capacidade para reconhecer os lixos dos humanos, simplesmente, se confundem, até porque, "tudo o que flutua no mar se come".

A tampa plástica de uma garrafa, de maior consistência do que o saco de plástico, pode permanecer inalterada, navegando nas águas do mar por mais de um século.

O Dr. James Ludwing, que estava estudando a vida do albatroz na ilha de Midway, no Pacífico, a muitas milhas dos centros povoados, fez uma descoberta espantosa. Quando começou a recolher o conteúdo do estômago de oito filhotes de albatrozes mortos, encontrou: 42 tampinhas plásticas de garrafa, 18 isqueiros e restos flutuantes que, na sua maioria, eram pequenos pedaços de plástico. Esses filhotes haviam sido alimentados pelos pais que não conseguiram fazer a distinção dos desperdícios no momento de escolher o alimento.

A próxima vez em que for à sua praia preferida, talvez encontre na areia lixo que outra pessoa ali deixou.

Não foi lixo deixado por Você, porém, é a SUA PRAIA, é o SEU MAR, é o SEU MUNDO e Você deve fazer algo por eles.

Muitos pais jogam com os filhos o jogo de: "vamos ver quem consegue juntar a maior quantidade de plásticos?" como forma de uma inesquecível lição de ecologia. Outros, em silêncio, recolhem um plástico abandonado e levam-no para suas casas, com restos do mar. Você vai ver que eles passam sorridentes, sabendo que salvaram um golfinho.

"Não se pode defender o que não se ama e não se pode amar o que não se conhece".

Ajude-me a divulgar essa mensagem.

"Morrer é inevitável, mas viver é opcional!!!"

sexta-feira, novembro 19, 2004

Benditos

Benditos os que possuem amigos
os que os têm sem pedir
Porque amigos não se pede
não se compra nem se vende
amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos
os que falam com o olhar
Porque amigo não se cala
não questiona nem se rende
amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos
os que entregam o ombro pra chorar
Porque amigo sofre e chora
amigo não tem hora
pra consolar!

Benditos sejam os amigos
que acreditam na tua verdade
ou te apontam a realidade
Porque amigo é a direção
é a base, quando falta o chão

Benditos sejam todos os amigos
de raízes, verdadeiros
Porque amigos são herdeiros
da real sagacidade
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Recebi de um AMIGO

quarta-feira, novembro 17, 2004

Criatividade...

Dizem que havia um cego sentado na calçada em Paris, com um boné a seus pés e um pedaço de madeira que, escrito com giz branco, dizia:

"Por favor, ajude-me, sou cego".
Um publicitário, da área de criação, que passava em frente a ele, parou e viu umas poucas de moedas no boné.
Sem pedir licença, pegou no cartaz, virou-o, pegou no giz e escreveu outro anúncio.
Voltou a colocar o pedaço de madeira aos pés do cego e foi-se embora.

Pela tarde, o publicitário voltou a passar em frente ao cego que pedia esmola. Agora, o seu boné estava cheio de notas e moedas. O cego reconheceu as pisadas e lhe perguntou se havia sido ele quem reescreveu seu cartaz, sobretudo querendo saber o que havia escrito ali. O publicitário respondeu:
- "Nada que não esteja de acordo com o seu anúncio, mas com outras palavras".

Sorriu e continuou seu caminho.
O cego nunca soube, mas seu novo cartaz dizia:

"Hoje é Primavera em Paris, e eu não posso vê-la".

Mais cegos que os cegos...

Hoje quando passeava pela avenida aqui junto à minha casa, dei por mim a observar a dificuldade com que um homem cego avançava na minha frente. A sua bengala de um lado para o outro, a cada movimento encontrava um obstáculo, ele eram os caixotes do lixo que não foram recolhidos pela manhã, carros sobre o passeio, vendedores ambulantes com o produto espalhado pelo chão. Segui atrás dele e constatei que para fazer um trajecto que normalmente faço em 2 ou 3 minutos, levei quase 10 minutos.

Segui o meu rumo enquanto o sujeito continuava avenida fora, num passo nada seguro, posto isto dei por mim a pensar em como é difícil ser cego em Portugal.
Pensei na dificuldade que os invisuais têm em simplesmente ir ao supermercado...
Fiquei surpreendida pois foi uma coisa que nunca tinha pensado...

Quão mais fácil para eles seria se ao lado dos preços fossem colocadas placas que indicassem ao menos os tipos dos produtos em Braille...
Isto, sem falar obviamente dos "designs" de todos os instrumentos que "deambulam" pelos corredores e são um perigo real para quem não vê, como um simples porta-senhas preso a uma parede e que não é detectado pela bengala de cego... Apenas uma simples "placa" em Braille...
No Jumbo, por exemplo, existem já alguns produtos que têm assinalado em Braille alguma informação, mas é pouco!

É curioso como nunca foi proposto na assembleia por nenhum dos deputados pagos pelo nosso bolso, e o dos invisuais também, que se criassem condições e punições para a ausência delas, no sentido de facilitar um pouco a vida a quem a tem já tão difícil...

Espero que um dia se lembrem!

terça-feira, novembro 16, 2004

Pois é...


Um animal à solta

Vivo numa sociedade da qual me envergonho!

Abusos sexuais e violações a menores, alguns de muito tenra idade, coabitam, com o desporto nas notícias de quase todos os jornais diários. É raro o dia que não se conhece mais um caso e estes distintos do Processo Casa Pia.
É com tristeza que constato que o meu país, o tal dos brandos costumes, se tenha transformado num campo de batalha de pedófilos, prostitutas, violadores e drogados. Mais triste é ainda, ver as penas pronunciadas por lei, contra estes seres hediondos. Pergunto-me com que moral um Juiz pode viver sabendo que, de acordo com a lei, condena a sete anos de prisão um monstro que cometeu abuso sexual sobre crianças durante mais de quatro anos?
Este Juiz, gostaria sem dúvida de o condenar à morte e ainda seria pouco, porém a nossa LEI, a mesma que dá ordem de prisão a quem cometer um roubo, seja ele de que ordem for, essa mesma lei é branda o suficiente para permitir que estes animais, sejam condenadas a penas mínimas e ainda possam sair mais cedo por bom comportamento.
A revisão do Código Penal, devia ser para ontem, ou arriscamo-nos a ver cada vez mais casos ultrajantes e horrorosos como este.

A Felicidade é um estado da alma.

"Segundo Sócrates, a felicidade é o resultado da consciência tranquila pelo dever cumprido de forma correcta e da certeza de que não morreremos".
Nós somos o que acreditamos ser. Se somos infelizes, é porque temos medo:

Medo de despertar para a grandeza da vida.
Medo de dizer SIM e se comprometer com o BEM.
Medo de arriscar, de se expor...

Nós somos livres porque para os nossos pensamentos não existem barreiras.
Encarcerado é o individuo que tem vícios.

Vício da maledicência.
Vício da inveja, do despeito.
Vício da perversidade, da maldade.
Todo e qualquer vício.

Jovem, é todo aquele que pode olhar para traz sem sentir vergonha de seu passado.


Sugestões para ser feliz:


Pare um pouco. respire fundo e escreva sua vida, identificando seus defeitos, suas limitações, suas virtudes, suas qualidades.
Trabalhe um deles por semana. Coloque isto como prioridade.
Policie seus pensamentos e actos, sempre que se sentir tentado a errar, seja firme e lute contra essa má tendência.

Valorize suas virtudes. Realce suas qualidades. Valorize-se. Aprenda a gostar de si mesmo(a)
Não é importante para os outros que você seja bom, mas é importante para você, que você esteja bem.

Cante, sorria, abrace... deixe seu coração falar o que sente.
Encontre um espaço físico "que seja só seu".
Relaxe ao menos 10 minutos por dia.

Felicidade é uma emoção-sentimento que eleva a alma!

Remédios caseiros

O médico depois de ver a história clínica do paciente, pergunta:
- Fuma?
- Pouco.
- Deve deixar o tabaco.
- Bebe?
- Pouco.
- Deve deixar de beber.
- Pratica desporto?
- Não.
- Pois deveria.
- Sexo?
- Muito pouco.
- Pois deveria fazer muito.
Ele vai para casa e conta à mulher o que o médico lhe disse e imediatamente vai tomar um banho.
A mulher, esperançosa, enfeita-se, perfuma-se, põe a sua melhor lingerie e fica à espera.
Ele sai do banho, começa a vestir-se, a perfumar-se e a mulher, ciosa, pergunta-lhe:
- Aonde vais?
- Não ouviste o que o médico me disse?
- Sim, mas aqui estou eu prontinha para ti.
Então ele diz cheio de paciência:
- Ah, Francisca, lá vens tu de novo com a mania dos remédios caseiros!

Um dia dificil...

O sujeito estava no fundo do bar, triste e arrasado, com seu copo de bebida, quando entra um cara revoltado, quebrando tudo, gritando com todo mundo. O cara chega até a sua mesa, arranca o copo de sua mão, bebe a metade e ainda joga o resto na sua cara:
- Fala alguma coisa, cachorro! Fala logo antes que eu te arrebente!
O sujeito responde, triste:
- Hoje é meu dia de azar, mesmo. Logo de manhã eu perdi a hora porque acabou a energia e tive que descer 20 andares de escada. Eu fui sair da garagem, o pneu estava furado. Perdi meia hora para trocar o pneu, saí com muita pressa e acabei batendo com o carro. Cheguei muito atrasado no trabalho, discuti com meu chefe e fui despedido. Por causa disso, cheguei bem mais cedo em casa e apanhei a minha mulher na cama com o amante. Aí eu perdi toda a paciência, fui bater no gajo e acabei sendo espencado, fiquei coberto de sangue. Fui tomar banho baixei-me para apanhar o sabonete e acabei caindo de ventas no chão. E para acabar de vez com o meu dia, eu tô aqui, na minha, preparando-me para me suicidar, chega um idiota feito você e ainda toma todo o meu copo de veneno!
Assim não dá!!

sexta-feira, novembro 12, 2004

Nove Planetas

Este site proporciona uma viagem pelo nosso Sistema Solar, incluindo não apenas os nove planetas que o compõem, mas também os satélites existentes.

Explica o Sistema Solar usando textos, fotos e algumas animações.
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Vale a pena? Sim, para quem anda com a cabeça no "ar", como eu.

Jornais do Planeta

Graficamente é um site feio, mas não há dúvida (penso eu) que é de alguma utilidade.
Temos um mapa mundo com algumas bandeiras - incluindo a nossa. Em cada bandeira que clicamos, é-nos dado um link dos jornais do país correspondente.
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Achei interessante

Tráfico de bebés

Hoje assisti a uma reportagem da T.V.I, que me impressionou bastante. Tratava-se de um caso horrendo passado nos anos 75/80 em Córdoba.

Mulheres grávidas eram levadas de suas casas (à força), e colocadas em campos militares, onde davam à luz e de onde desapareciam sem deixar rasto. Muitas delas foram espancadas até à morte e depois de lhes retirarem do útero os filhos, estes eram entregues aos pais adoptivos.

Hoje, 30 anos depois, essas crianças procuram os familiares a quem foram roubados. São feitos teste de DNA, e na maior parte dos casos são as avós e os irmãos que fornecem o material para comprovação, uma vez que as mães se não estão mortas, desconhece-se delas o paradeiro.

Depois de ver a reportagem, resolvi fazer uma busca através do Google. De novo em Córdoba 37 bebés foram dados como nado-mortos e às famílias foi negado o direito de ver os bebés. Quando estas se tornaram muito "chatas" foi-lhes entregue um caixão selado que só poderia ser aberto mediante ordem judicial.

Nada mudou em quase 30 anos, estas pessoas de classe pobre, sem possibilidades para pagarem a bons advogados, vêem-se assim privadas do seu bem mais precioso, os filhos, para que uma vintena de médicos e auxiliares lucrem com este tráfico horroroso.

Mudaram os tempos, mas não mudou o aviltamento das camadas desfavorecidas, estas são quem invariávelmente, paga a factura.

quarta-feira, novembro 10, 2004

Muamba de Gato

Um dos pratos mais apreciados na Republica do Zaire é a muamba, esta é originalmente feita com carne de aves, galinha, pato e galinholas. Acontece, tal como diz o ditado, "quem não tem cão caça com gato", aqui também se aplica o mesmo lema, quem não tem galinha (ou prefere) faz muamba de gato. É precisamente o gato o ponto alto desta história.

Fofinha era a minha gata de estimação, dormia dentro de casa e não sabia sequer que os ratos existiam. Um dia chega a minha casa um aldeão com um saco às costas, parou no alpendre e pediu para falar comigo. Interrogado sobre o motivo da sua visita, disse que vinha comprar a minha gata. É claro que eu lhe disse de imediato que não lhe vendia Fofinha, nem mesmo pelo saco cheio de franguinhos que ele trazia para trocar por ela.

O homem abalou entristecido pela minha decisão, mas não vencido na sua decisão de comer a minha gata, voltou atrás e sorrateiramente largou os pintos na alçada da porta, meteu a gata dentro do saco, e foi embora.

Só o conseguiram apanhar junto ao rio, pois teve que esperar que o baqueiro o levasse para a outra margem.

terça-feira, novembro 09, 2004

Persistência

Não havia nada que eu pudesse fazer, mas eu fiz.
Alcançar tal coisa era impossível, e eu a procurei.
Não havia mais esperanças, e eu as mantive.
Não restava tempo para mais nada, mas eu lutei até a última hora.
Não queriam mais. Eu insisti!
A última palavra havia sido dada, mas eu ainda assim falei.
Enfim... Estou passando pela vida e tudo se vai fechando.
Mas a felicidade está em mim.
Pois se nada tenho, por tudo lutei.
E sem me arrepender de nada, num futuro poderei dizer:
"TENTEI".

Sim, eu sei...

Sim, eu sei que há pedras nos caminhos...


Entretanto, também haverá o canto do pássaro e o brilho do sol nos galhos dos pinheiros. O velho carvalho, na beira da estrada, estenderá sua sombra acolhedora, e deitarei sob ela, descansando em plena luz do dia...


Sim, eu sei que há pedras nos caminhos...


Entretanto , também estarei sob o céu e suas incontáveis estrelas. O disco da lua, como um olho cintilante e poderoso, encontrará abrigo para os sonhos que carregarei nas madrugadas, embrulhados nos véus dos meus desejos.


Sim, eu sei que há pedras nos caminhos...


Mas subirei sobre elas e observarei o mundo, desafiando medos, testando a esperança. Darei o melhor e seguirei adiante, porque nada impedirá aquilo que nasci para ser.


Sim...


Eu vi as pedras dos caminhos!
Olhando, descobri que as flores também nascem entre elas...

domingo, novembro 07, 2004

Viagem atribulada

Vista parcial da minha casa no Zaire - Africa
Um dia, vinda de mais uma volta pelas "usines", conduzida por um "chauffer" candidato a Fangio, mas que pilotava magistralmente a pick-up Chevrolet Azul de caixa aberta, trazia como passageiros alguns trabalhadores.

Um deles teimava em vir sentado na beira da carroceria e por várias vezes o alertei para que se sentasse num local mais seguro pois corria o risco de ser "disparado" da carrinha abaixo.

Ainda o último aviso pairava no ar, quando ouvi um grito e de imediato me virei para trás, ainda a tempo de ver o coitado a sair em voo planado do alto da carrinha para aterrar em cima do mato.

Paramos o carro e quando lhe disse que se estivesse sentado onde devia não teria caído, ele respondeu de imediato:

- Eu não caí Madame, desci para fazer xixi...

sábado, novembro 06, 2004

O valor da amizade


Quando oiço alguém dizer, "nunca mais ouvi falar nada daquele meu amigo", interrogo-me sobre o valor da amizade. Para mim a amizade é um dos sentimentos mais bonitos, mais desprendidos e altruístas que existe. Na amizade, não há cobranças e nem explicações, os amigos não são possessivos e não controlam. Os amigos aceitam incondicionalmente.

Hoje vivi um dos raros momentos que a amizade entre seres iguais, mas tão diferentes, pode proporcionar. À volta de uma mesa e com o pretexto de festejar o magusto (festa pagã, rodeada de crenças religiosas), hoje, um grupo de amigos reuniu-se, e foi bonito de ver.

As conversas retomaram o seu rumo como se tivessem sido interrompidas uma hora antes e no entanto há já varias semanas que não nos encontrava-mos.
O ambiente estava leve e harmonioso, respirava-se amizade.

Eu gosto de ter AMIGOS assim!

Vejam só como permanece actual....

Guerra Junqueiro em 1896....

" Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem,
nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
(...) Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...)

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do pais, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria.

A justiça ao arbítrio da Politica, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala
de jantar (...)

Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896

sexta-feira, novembro 05, 2004

Memórias Africanas

Durante a minha estadia em terras africanas, vivi algumas aventuras, que tentarei passar para o blogg em pequenas histórias. Espero que elas vos façam sorrir pelo menos.

Inicio esta saga com a historia de Kanda.

Kanda era o meu cozinheiro, um homem pequenino e com um ar absolutamente "lunatic", não falava uma palavra de português e quando o conheci eu não falava uma palavra de kikongo (o dialecto oficial da Republica do Zaire), era assim um bocado difícil o nosso entendimento.

Por entre mímicas e algumas palavras em francês, um dia disse a Kanda que queria para o almoço almôndegas (bolinhas de carne pouco maiores que berlindes) com arroz branco. Perguntei se ele sabia fazer e ele prontamente me disse que não só sabia fazer, como era esta a sua especialidade.

Saí para fazer uns inventários e só voltei à hora do almoço e com uma fome de devorar tijolos.
Assim que entrei em casa o cheirinho agradável das almôndegas, subiu pelas narinas aguçando ainda mais o meu apetite, e lá vou eu sentar-me à mesa sem mais demoras que a fome apertava.

Kanda trouxe o arroz que colocou sobre a mesa e do qual me servi ainda antes dele trazer o tacho com as almôndegas. Quando Kanda colocou sobre a mesa o tacho e eu o destapei, fui acometida por um riso de gargalhada solta e descontrolada.
Dentro do tacho jaziam, inertes mas opulentas, 3 almôndegas cada qual do tamanho de uma bola de futebol.

quarta-feira, novembro 03, 2004

O "El Dorado" nacional


...As autoridades policiais espanholas suspeitam que quatro dos sete traficantes de droga mais procurados do país vizinho se encontrem escondidos em Portugal...

Este cantinho à beira mar plantado, com um ameno clima é cada vez mais procurado pelos turistas e não só. Também os narcotraficantes descobriram em Portugal um "El Dorado". Eles são espanhóis, venezuelanos e outros afins, os foragidos às leis dos próprios países, que procuram (e acham) em Portugal o local ideal para "passar férias".

Brutas moradias, escondidas por montes e serras, carros de grande cilindragem, eles levam no entanto uma vida pacata e tentam não se evidenciar muito. Proliferam como cogumelos, aproveitando-se da liberalização das fronteiras, entram e saem a seu bel-prazer, sem controle, quando querem e como querem.

E ainda dizem que não somos a Republica das Bananas!?!?!

Uma "cratera" na retina

É uma membrana composta por células nervosas que reveste o interior do globo ocular. Converte as imagens em impulsos nervosos que são transmitidos ao cérebro pelo nervo óptico


Regressando a casa numa noite do verão Algarvio, em plena Via do Infante, dou por mim a sacudir mosquitos imaginários, na realidade não eram mosquitos mas sim clarões que surgiam do nada a cada vez que eu piscava os olhos. Parei o carro, hoje vejo a imprudência que cometi, esfreguei ambos os olhos com as palmas das mãos e segui viagem.

Chegada a casa os clarões continuavam, mas como a noite tinha sido de festa, não pensei mais no assunto deitei e dormi. Acordei com a vista direita inflamada, mal conseguia abrir o olho e quando o fazia a claridade do sol fazia com que a vista se marejasse de lágrimas. Não podia estar assim, e como em Albufeira no verão não há especialistas, rumei para Lisboa onde sem demora consultei um oftalmologista.

Feitos os exames, o médico disse-me, não sem antes me ter explicado o complexo que é o nosso sistema visual, que eu teria que ser operada. Fiquei sem pinga de sangue, afinal que raio era aquilo que do nada se transformava numa operação de risco, e mais, feita segundo ele só em Londres ou Zurique? Primeiro a reacção foi de surpresa, tentando absorver cada palavra, cada gesto, tentando perceber pela entoação da voz o quão grave era. O médico acabara de me dizer que em poucos meses eu ficaria cega da vista direita, mas que fazendo a operação tinha 50% de probabilidades de ficar a ver normalmente.

É claro que me decidi pela operação, mas antes procurei um outro médico que me foi recomendado por um grande amigo meu, e lá fui eu direita a Coimbra para falar com o Dr. Travassos.
O Dr.Travassos é aquele médico que acha que não tem tempo a perder com a simples falta de visão, portanto vai logo perguntando do que é que o doente se queixa. Inquirida respondi-lhe que não tinha queixas. Ele olhou para mim de lado, fez-me os testes de visão, que na altura era perfeita, e perguntou com um ar aborrecido " Mas afinal o que foi que a trouxe cá".
Eu, já bastante enervada, balbuciei entre os dentes, "tenho um buraco na retina"...
O homem parou, olhou para mim e disse: "tem o quê?", "isso que o Dr. ouviu, tenho um buraco na retina".

De imediato fui levada a uma outra sala onde me fizeram a dilatação das duas vistas, o médico não acreditava no que tinha perante os seus olhos, não era um buraco o que eu tinha na retina, segundo ele, era uma cratera.
Era preciso fazer mais exames, durante duas semanas rumei a Coimbra quase todos os dias, e num deles o Dr.Travassos, perguntou-me se eu estava preparada para ser operada, ele tinha um método inovador e queria testa-lo comigo, eu encolhi os ombros num gesto que quer dizer tudo e nada.

Fui operada no dia 7 de Setembro de 1997, em Coimbra, na Clinica de Montes Claros. Quando acordei da anestesia tinha o olho vendado, não sabia se a operação tinha ou não resultado, só dois dias depois é que comecei a mexer a pálpebra e a ver claridade.

Fui e sou ainda hoje doente do Dr.Travassos, todos os anos faço exames para ver se a minha "cratera" continua fechada. O meu caso foi apresentado pelo médico num congresso em Itália, pois era um caso único no mundo.

Hoje passados sete anos, quando vou a uma consulta de rotina, o Dr.Travassos, que curiosamente me chama por Donana, não se esquece nunca de me lembrar o quão delicada foi aquela cirurgia e os riscos que ambos corremos.
Valeu a pena.