sábado, janeiro 28, 2006

Aprendizado


"Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém.
Posso, apenas, dar boas razões para que gostem de mim e ter a paciência para que a vida faça o resto..."

William Shakespeare

O Perigo Amarelo

O "Perigo Amarelo" chegou com a cumplicidade do Governo Português e da falta de planeamento das Câmaras, e prepara-se para destruir o pouco que resta do comércio tradicional e afundar a já precária economia nacional.
Não fosse a habitual falta de conhecimentos habitual, o que se esperaria seria um total boicote a estas lojas por parte da população, mas como gostamos de embarcar de olhos fechados em tudo o que seja novidade, lá estamos nós a contribuir para o afundamento do país.

Aqui ficam alguns dados sobre as lojas chinesas e a pergunta:
O que andam as associações de comerciantes a fazer?
- Sabia que os preços baixos praticados nas lojas chinesas são conseguidos há custa de trabalho em regime de escravatura, trabalho infantil e total desprezo pelos direitos humanos?
- Sabia que o nosso querido Governo concede a essas lojas uma isenção do pagamento de impostos por um período de vários anos?
- Sabia que o Governo Chinês subsidia as altas rendas que os chineses pagam pelas lojas com a condição de todo o stock vir directamente da China?
- Sabia que as rendas exorbitantes que os chineses pagam por essas lojas (há rendas de mais de 3.500 mensais) irão inflacionar o mercado de arrendamentocomercial e amanhã estarão os senhorios a pedir o mesmo preço a qualquer comerciante português
- Sabia que existem marcas chinesas a lavar dinheiro da venda de droga e armamento através de algumas dessas lojas?
- Sabia que por falta de planeamento urbânico, há ruas em Portimão onde deixaram abrir 5 e 6 lojas chinesas que arruinaram todo o comércio à suavolta?
- Sabia que o levantamento das restrições à entrada de texteis chineses em Portugal já obrigou ao encerramento de dezenas de fábricas de têxteis no norte do país com o consequente despedimento de milhares de trabalhadores?
- Sabia que os poucos cêntimos que poupa ao comprar em lojas chinesas, contribuem para a falência de muitas lojas portuguesas e para lançar no desemprego milhares de trabalhadores?
- Sabia que esses novos desempregados vão sobreviver à custa do Fundo de Desemprego que é mantido com os impostos que todos nós pagamos?
Por tudo isto, pense duas vezes antes de entrar numa loja chinesa. Pode estar a comprometer o seu futuro e o dos seus filhos. Se acha que os cêntimos que poupou na loja do chinêsa são mais importantes que o futuro do comércio local, que o futuro da economia do país e que o futuro de todos nós então continue a comprar aos chineses.
Eles e o Governo Chinês agradecem!

A Porcelana Chinesa invade as casas dos Portugueses em detrimento da  Vista Alegre, que pelo seu preço elevado, não cabe na mesa de qualquer um.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Suplente

Acho que sou só suplente
De alguém chamado gente,
Pois vou me deixando ser,
Não por falta de paixão,
Que me faça ter querer,
Nem por falta de oração
Que tenta me levar a crer,
Mas por pura distração.

( Elane Tomich )

terça-feira, janeiro 17, 2006

Amor normalisado?!?

Como te chamas?
Ana!
Quem escolheu o teu nome?
Acho que a minha madrinha, não sei.
Também és baptizada?
Sou!
Porquê?
Não sei, quando dei por mim já era!
Andas-te na catequese?
Andei!
Porquê?
Não sei, talvez porque antes de mim os meus irmãos também andaram.
Vais casar pela igreja?
Vou!
Porquê?
Sei lá, porque o meu noivo quer. A mãe dele também casou pela igreja e os meus pais fazem questão.

É assim pela vida fora, somos condicionados pelas vontades e crendices dos nossos antepassados, dos nossos pais, enfim das nossas famílias. Somos baptizados porque na família todos antes de nós o foram. Vamos à escola porque o estado determina que o ensino é obrigatório. Vamos à catequese porque a nossa mãe é católica. Regemo-nos por padrões de vida que não são os nossos, padrões de vida em sociedade. Essa mesma sociedade que determina que se deve ser baptizado, estudar, ir à catequese e porque não, mais tarde casar pela igreja e consagrar os laços do matrimonio.

Matrimónio que quer dizer casamento; união legitima do homem com a mulher; sacramento da Igreja Católica que une o homem com a mulher. Ora se analisarmos em nenhum lado se fala de AMOR. Casamento é harmonia, pode ser uma harmonia de cores, partindo do principio em que o amarelo casa melhor com o azul que com o verde.

União legitima para haver uma diferença com a União de facto, ainda aqui ninguém nos fala de AMOR. Sacramento da Igreja Católica que une o Homem com a Mulher, e de novo nada nos indica que para isto seja necessário o AMOR. Vamos à igreja Sacramentar um acto que à partida é já uma falsidade, pois se para casar é preciso amar, porque é que a igreja apenas sacramenta a união do homem com a mulher? Porque é condição para o casamento que os intervenientes sejam de sexos opostos? Isto não será já falta de AMOR? Juramos fidelidade, amor até à morte. Como podemos? Como podemos jurar sobre algo que não nos pertence, o Futuro. Para os crentes católicos, o Futuro a Deus pertence, logo não estaremos a empenhar a palavra de Deus?

Na igreja perante o sacerdote, unimos as mão em sinal de aliança e juramos manter essa aliança, simbolizada pelo anel de casamento que passamos a usar na mão esquerda, por toda a vida. Logo ao colocar a aliança abdicamos da nossa liberdade, o bem maior da nossa existência, passamos a ser como pombos anilhados, para que se possa identificar o proprietário, será isto uma prova de AMOR? Ou são as tais normas da sociedade em que nascemos, crescemos e vivemos? Normas contra as quais nunca quisemos lutar, as tais normas que aceitamos sem retorquir, sem perguntar porquê. Normas aceites porque, logo no primeiro olhar que deitamos sobre este mundo, quando ainda presos pelo cordão umbilical, alguém nos disse respira e como nos recusamos a faze-lo usaram da força para nos convencer.

A tal palmadinha no rabo mal nascemos, marca a nossa futura aceitação das normas e regras. No nosso subconsciente fica guardada essa primeira palmada e pela vida fora temos "medo" de mais palmadas, por isso se torna mais fácil aceitar as tais regras da sociedade em que nos inseriram. Por isso vamos à escola quando preferíamos ficar a brincar, por isso vamos à igreja quando preferíamos só ouvir as histórias de outros tempos, tempos pagãos em que não havia leis. Por isso namoramos e mais tarde casamos, quando a nossa vontade, a primeira que não deixamos afluir sequer, a de animal que somos, é só a de ir vivendo, procriando em liberdade, sem anilhas, sem sacramentos, com AMOR.

AMOR, amor é um sentimento cego, um sentimento que não tem nada a ver com a Paixão. A Paixão morre com o tempo, a chama da paixão apaga-se, e se não houver amor quando essa chama se apaga, se não houver respeito, carinho, amizade, todos os apêndices do amor enfim, de nada servirão os votos trocados, a aliança sacramentada, a anilha na mão esquerda. Se já não há AMOR, deveria-mos ter coragem para dizer à tal sociedade medíocre a que pertencemos, BASTA! Eu não quero viver sem amor, eu quero sentir a paz a alegria a imensa felicidade de AMAR outra vez.

Eu quero AMAR e ser feliz, porque eu sei o que é o AMOR.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Assim vai Portugal...

O País dos Reformados

Ao menos num capítulo ninguém nos bate, seja na Europa, nas Américas ou na Oceânia: nas políticas sociais de integração e valorização dos reformados. Aí estamos na vanguarda , mas muito na vanguarda.

De acordo, aliás, com estes novos tempos, em que a esperança de vida é maior e, portanto, não devem ser postas na prateleira pessoas ainda com tanto a dar à sociedade. Nos últimos tempos, quase não passa dia sem que haja notícias anim adoras a este respeito. E nós que não sabíamos!

Ora veja-se:

O nosso Presidente da República é um reformado.
O nosso mais "mortinho por ser" candidato a Presidente da República é um reformado.
O nosso ministro das Finanças é um reformado.
O nosso anterior ministro das Finanças já era um reformado.
O ministro das Obras Públicas é um reformado.
Gestores ilustres e activíssimos como Mira Amaral (lembram-se? ...) são reformados.
O novo presidente da Galp, Murteira Nabo, é um reformado.
Entre os autarcas, garantiu-o o presidente da ANMP, há "centenas, se não milhares" de reformados.
O presidente do Governo Regional da Madeira é, entre muitas outras coisas que a decência não me permite escrever aqui, um reformado.

E assim por diante...

Digam-me lá qual é o país da Europa que dá tanto e tão bom emprego a reformados, que valoriza os seus quadros independentemente de já estarem a ganhar uma pensãozita, que combate a exclusão e valoriza a experiência dos mais (ou menos...) velhos!

Ao menos neste domínio, ninguém faz melhor que nós. Ainda hão-de vir todos copiar este nosso tão generoso "Estado social"...

Joaquim Fidalgo - Jornalista

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Português moderno

Linguagem Moderna

Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar "afro-americanos" aos pretos, com vista a acabar com as raças por via gramatical - isto tem sido um fartote pegado!

As criadas dos anos 70 passaram a "empregadas" e preparam-se agora para receber menção de "auxiliares de apoio doméstico".

De igual modo, extinguiram-se nas escolas os "contínuos"; passaram todos "auxiliares da acção educativa".

Os vendedores de medicamentos, inchados de prosápia, tratam-se de "delegados da propaganda médica". E pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em "técnicos de vendas".

Os drogados transformaram-se em "toxicodependentes" (como se os consumos de cerveja e de cocaína se equivalessem!); o aborto eufemizou-se em "interrupção voluntária da gravidez"; os gangues étnicos são "grupos de jovens"; os operários fizeram-se de repente "colaboradores"; e as fábricas, essas, vistas de dentro são "unidades produtivas" e vistas da estranja são "centros de decisão nacionais".

O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à "iliteracia" galopante.

Desapareceram outrossim dos comboios as classes 1.ª e 2.ª, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes "Conforto" e "Turística".

A Ágata, rainha da música pimba, cantava chorosa: «Sou mãe solteira...»; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: «Tenho uma família monoparental...» - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante.

Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças irrequietas e «terroristas»; diz-se modernamente que têm um "comportamento disfuncional hiperactivo".

Do mesmo modo, e para felicidade dos "encarregados de educação", os brilhantes programas escolares extinguiram os alunos cábulas; tais estudantes serão, quando muito, "crianças de desenvolvimento instável".

Ainda há cegos, infelizmente, mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado "invisual". (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o "politicamente correcto" marimba-se para as regras gramaticais...)

Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em "implementações", "posturas pró-activas", "políticas fracturantes" e outros barbarismos da linguagem.

E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a «correcção política» e o novo-riquismo linguístico.

À margem da revolução semântica ficaram as putas. As desgraçadas são ainda agora quem melhor cultiva a língua. Da porta do quarto para dentro, não há "politicamente correcto" que lhes dobre o modo de expressão ou lhes imponha a terminologia nova. Os amantes do idioma pátrio, se o quiserem ouvir pleno de vernaculidade, que se dirijam ao bordel mais próximo. Aí sim, um pénis de 25 centímetros é um "car**** enorme" e nunca um "órgão sexual masculino sobredimensionado"; assim como dos impotentes, coitados, dizem elas castiçamente que "não levantam o pau", e não que sofrem de "disfunção eréctil".

Brilhante texto da autoria de Zé António de Àgueda e Carlos Marques