terça-feira, janeiro 17, 2006

Amor normalisado?!?

Como te chamas?
Ana!
Quem escolheu o teu nome?
Acho que a minha madrinha, não sei.
Também és baptizada?
Sou!
Porquê?
Não sei, quando dei por mim já era!
Andas-te na catequese?
Andei!
Porquê?
Não sei, talvez porque antes de mim os meus irmãos também andaram.
Vais casar pela igreja?
Vou!
Porquê?
Sei lá, porque o meu noivo quer. A mãe dele também casou pela igreja e os meus pais fazem questão.

É assim pela vida fora, somos condicionados pelas vontades e crendices dos nossos antepassados, dos nossos pais, enfim das nossas famílias. Somos baptizados porque na família todos antes de nós o foram. Vamos à escola porque o estado determina que o ensino é obrigatório. Vamos à catequese porque a nossa mãe é católica. Regemo-nos por padrões de vida que não são os nossos, padrões de vida em sociedade. Essa mesma sociedade que determina que se deve ser baptizado, estudar, ir à catequese e porque não, mais tarde casar pela igreja e consagrar os laços do matrimonio.

Matrimónio que quer dizer casamento; união legitima do homem com a mulher; sacramento da Igreja Católica que une o homem com a mulher. Ora se analisarmos em nenhum lado se fala de AMOR. Casamento é harmonia, pode ser uma harmonia de cores, partindo do principio em que o amarelo casa melhor com o azul que com o verde.

União legitima para haver uma diferença com a União de facto, ainda aqui ninguém nos fala de AMOR. Sacramento da Igreja Católica que une o Homem com a Mulher, e de novo nada nos indica que para isto seja necessário o AMOR. Vamos à igreja Sacramentar um acto que à partida é já uma falsidade, pois se para casar é preciso amar, porque é que a igreja apenas sacramenta a união do homem com a mulher? Porque é condição para o casamento que os intervenientes sejam de sexos opostos? Isto não será já falta de AMOR? Juramos fidelidade, amor até à morte. Como podemos? Como podemos jurar sobre algo que não nos pertence, o Futuro. Para os crentes católicos, o Futuro a Deus pertence, logo não estaremos a empenhar a palavra de Deus?

Na igreja perante o sacerdote, unimos as mão em sinal de aliança e juramos manter essa aliança, simbolizada pelo anel de casamento que passamos a usar na mão esquerda, por toda a vida. Logo ao colocar a aliança abdicamos da nossa liberdade, o bem maior da nossa existência, passamos a ser como pombos anilhados, para que se possa identificar o proprietário, será isto uma prova de AMOR? Ou são as tais normas da sociedade em que nascemos, crescemos e vivemos? Normas contra as quais nunca quisemos lutar, as tais normas que aceitamos sem retorquir, sem perguntar porquê. Normas aceites porque, logo no primeiro olhar que deitamos sobre este mundo, quando ainda presos pelo cordão umbilical, alguém nos disse respira e como nos recusamos a faze-lo usaram da força para nos convencer.

A tal palmadinha no rabo mal nascemos, marca a nossa futura aceitação das normas e regras. No nosso subconsciente fica guardada essa primeira palmada e pela vida fora temos "medo" de mais palmadas, por isso se torna mais fácil aceitar as tais regras da sociedade em que nos inseriram. Por isso vamos à escola quando preferíamos ficar a brincar, por isso vamos à igreja quando preferíamos só ouvir as histórias de outros tempos, tempos pagãos em que não havia leis. Por isso namoramos e mais tarde casamos, quando a nossa vontade, a primeira que não deixamos afluir sequer, a de animal que somos, é só a de ir vivendo, procriando em liberdade, sem anilhas, sem sacramentos, com AMOR.

AMOR, amor é um sentimento cego, um sentimento que não tem nada a ver com a Paixão. A Paixão morre com o tempo, a chama da paixão apaga-se, e se não houver amor quando essa chama se apaga, se não houver respeito, carinho, amizade, todos os apêndices do amor enfim, de nada servirão os votos trocados, a aliança sacramentada, a anilha na mão esquerda. Se já não há AMOR, deveria-mos ter coragem para dizer à tal sociedade medíocre a que pertencemos, BASTA! Eu não quero viver sem amor, eu quero sentir a paz a alegria a imensa felicidade de AMAR outra vez.

Eu quero AMAR e ser feliz, porque eu sei o que é o AMOR.