terça-feira, maio 31, 2005

Uma 3ª feira doce

terça-feira, maio 24, 2005

Sabe quem escreveu isto ?

«O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. (...)
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. (...)
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: o país está perdido!»


Eça de Queirós, 1871 ...

É preciso dizer mais alguma coisa?A história repete-se, só mudam os figurantes...

A Opinião dos Outros

Na prosperidade nossos amigos nos conhecem; na adversidade nós conhecemos nossos amigos.
Collins

Você se importa com a opinião que os outros têm a seu respeito?
Se a sua resposta for não, então você é uma pessoa que sabe de si mesma. Que se conhece. É auto-suficiente.
No entanto, se a opinião dos outros sobre você é decisiva, pense um pouco sobre o quanto isso pode ser prejudicial.
O primeiro sintoma de alguém que está sob o jugo da opinião alheia, é a dependência de elogios.
Se ninguém disser que o seu cabelo, a sua roupa, ou outro detalhe qualquer está bem, a pessoa não se sente segura.
Se alguém lhe diz que está com aparência de doente, a pessoa se sente indisposta e logo procura um médico.
Se ouve alguém dizer que está gorda, desesperadamente tenta diminuir peso. Mas se disserem que é bonita, inteligente, esperta, ela também acredita.
Se lhe dizem que é feia, a pessoa se desespera. Principalmente se não tem condições de reparar a suposta feiúra com cirurgia plástica.
Existem pessoas que ficam o tempo todo à procura de alguém que lhes diga algo que as faça sentir seguras, mesmo que esse alguém não as conheça bem.
Há pessoas que dependem da opinião alheia e se tornam infelizes na tentativa de agradar sempre.
São mulheres que aumentam ou diminuem seios, lábios, bochechas, nariz, para agradar seu pretendido. Como se isso fosse garantir o seu amor.
São homens que fazem implante de cabelo, modificam dentes, queixo, nariz, malham até à exaustão, para impressionar a sua eleita.
E, quando essas pessoas, inseguras e dependentes, não encontram ninguém que as elogie, que lhes diga o que desejam ouvir, caem em depressão.
Não se dão conta de que a opinião dos outros é superficial e leviana, pois geralmente não conhecem as pessoas das quais falam.
Para que você seja realmente feliz, aprenda a conhecer-se e a aceitar-se como você é
Não acredite em tudo o que falam a seu respeito. Não se deixe impressionar com falsos elogios, nem com críticas infundadas.
Seja você. Descubra o que tem de bom em sua intimidade e valorize-se.
Ninguém melhor do que você para saber o que se passa na sua alma.
Procure estar bem com a sua consciência, sem neurose de querer agradar os outros, pois os outros nem sempre dão valor aos seus esforços.
A meditação é excelente ferramenta de auto-ajuda. Mergulhar nas profundezas da própria alma em busca de si mesmo é arte que merece atenção e dedicação.
Quando a pessoa se conhece, podem emitir dela as opiniões mais contraditórias que ela não se deixa impressionar, nem iludir, pois sabe da sua realidade.
Nesses dias em que as mídias tentam criar protótipos de beleza física, e enaltecer a juventude do corpo como único bem que merece investimento, não se deixe iludir.
Você vale pelo que é, e não pelo que tem ou aparenta ser. A verdadeira beleza é a da alma. A eterna juventude é atributo do espírito imortal.
O importante mesmo, é que você se goste. Que você se respeite. Que se cuide e se sinta bem.
A opinião de alguém só deve fazer sentido e ter peso, se esse alguém estiver realmente interessado na sua felicidade e no seu bem-estar.
......................
Nenhuma opinião que emitam sobre você, deve provocar tristeza ou alegria em demasia.
Os elogios levianos não acrescentam nada além do que você é, e as críticas negativas não tornarão você pior.
Busque o autoconhecimento e aprenda a desenvolver a auto-estima.
Mas lembre-se: seja exigente para consigo, e indulgente para com os outros.
Eis uma fórmula segura para que você encontre a autoconfiança e a segurança necessárias ao seu bem-estar efetivo.
E jamais esqueça que a verdadeira elegância é a do caráter, que procede da alma justa e nobre.
Pense nisso, e liberte-se do jugo da opinião dos outros.
(recebido por e-mail)

quarta-feira, maio 18, 2005

Desafio Deus a vir falar comigo...

Hélder Sousa era um estudante no 3º ano de desporto e frequentava a Lusófona.
Os colegas achavam que o Hélder últimamente andava "muito religioso".
Achavam que ele andava um pouco "estranho".
Os colegas não ouviram ou não souberam ouvir Hélder Sousa.
Hélder Sousa tinha um blogg Amor e Vida, nele podiam ler-se os "sinais" de que algo não estava bem.
Os colegas não quiserem ou não souberam ler nas entrelinhas.
Além de estudante, Hélder Sousa fazia parte das forças da lei, como polícia.
Como todos os policiais, Hélder Sousa tinha uma arma e usou-a.
Hélder Sousa pôs termo à vida numa manhã de Maio 2005.
Hélder Sousa tinha apenas 24 anos!!

Silêncio
... o ponto final esse já o usei, peço agora perdão
a ti Deus por te pedir que me enfrentasses, quando sou eu que te tenho
de enfrentar
a ti mãe, por não me despedir, amo-te, apesar de tudo, sempre
te amei
A ti mor, por ser como sou...

terça-feira, maio 17, 2005

Mãe galinha...


Mãe é Mãe. Temos sempre que fazer um esforço para compreendê-la por muito que custe.


Toca o telefone:
– Estou? Mãe? Posso deixar os meninos contigo hoje à noite?
– Vais sair?
– Vou.
– Com quem?
– Com um amigo.
– Não entendo por é que te separaste do teu marido, um homem tão bom..
– Mãe! Eu não me separei dele! ELE é que se separou de mim!
– Pois... ficas sem marido e agora sais com qualquer um...
– Eu não saio com qualquer um. Posso deixar aí os meninos?
– Eu nunca te deixei com a minha mãe, para sair com homem que não fosse o teu pai!
– Eu sei, mãe. Há muita coisa que a mãe fez e que eu não faço!
– O que é que queres dizer com isso?
– Nada, mãe ! Só quero saber se posso deixar aí os meninos.
– Vais passar a noite com o outro? E se o teu marido vier a saber?
– Meu EX-marido!! Não acho que se importe, ele não deve ter dormido uma única noite sozinho desde a separação!
– Então sempre vais dormir com o vagabundo!
– Não é um vagabundo!!!
– Um homem que sai com uma divorciada com filhos, só pode ser um vagabundo, um oportunista!
– Não vou discutir, mãe. Posso deixar aí os meninos ou não?
– Coitaditos dos miúdos... Com uma mãe assim...
– Assim como?
– Irresponsável! Inconsequente! Por isso é que o teu marido te deixou!
– CHEGA, mãe!
– Ainda por cima gritas comigo! Aposto que com o vagabundo com quem vais sair, tu não gritas.
- Agora está preocupada com o vagabundo?
– Eu não disse que era um vagabundo!? Eu percebi logo!
– Tchau, mãe!!
– Espera, não desligues! A que horas é que trazes os meninos?
– Não vou. Não vou levar os meninos. Também, já não me apetece sair!!!
– Não vais sair? Vais ficar em casa? E estás à espera de quê, que o príncipe encantado te vá bater à porta? Uma mulher na tua idade, com dois filhos, pensa que é fácil encontrar marido? Se deixares passar mais dois anos, vais ficar sozinha a vida toda! Depois não digas que não te avisei! Eu acho um absurdo, na tua idade, ainda precisares que EU te empurre para sair!
Nota:
Recebi por e-mail, não sei de quem é a autoria

Mattie Stepanek

" Remember to play, after every storm "
Mattie Stepanek - ou uma lição de vida.

Mattie nasceu com uma doença rara, Distrofia Muscular Congénita que acabou por o matar quando ele tinha apenas 13 anos.Mattie nunca se lamentou e encarou todo o processo da sua doença como uma dádiva de Deus.

Deixou-nos a sua música e a sua poesia.

No seu funeral, Mattie teve honras de herói nacional e o cortejo fúnebre foi escoltado por 1000 bombeiros, que prestaram assim, a última homenagem a alguém por eles muito amado .

Mattie dizia

" In so many ways, we are the same.
Our differences are unique treasures.
We have, we are, a mosaic of gifts
To nurture, to offer, to accept.
We need to be.
Just be.
Be for a moment…"

domingo, maio 15, 2005

Erro fatal

Erro a escrever Google pode infectar o PC

Digitar Googkle em vez de Google pode ser fatal. A empresa de segurança F-Secure acaba de lançar um alerta dando conta de um site que, aproveitando um engano na digitação do nome Google na barra de navegação do Internet Explorer activa vários trojans e diversas aplicações spyware, enviando-as para o PC do utilizador.

Caso o cibernauta escreva erradamente www.googkle.com é direccionado para um site em cuja página de entrada são exibidas duas janelas pop-up de publicidade, iniciando-se assim um processo de infecção.

Depois de ter o computador infectado, o utilizador deixará de ter acesso às páginas da Kaspersky, McAfee e Symantec, ficando assim impedido de efectuar os necessários downloads de actualização antivírus.

Ainda de acordo com a F-Secure, um dos vírus instalados procura também roubar dados pessoais e financeiros do utilizador. Atendendo a esta situação, a F-Secure recomenda que se mantenham actualizadas todas as versões dos antivírus e que se evite aceder ao site malicioso.

sexta-feira, maio 13, 2005

Memórias do Século XXI

Não sei se algum dia seremos apenas feitos de um monte de chips e outros componentes eletrónicos, felizmente não estarei cá para ver. Achei este texto muito interessante e sobretudo muito divertido. Recebi por e-mail e confesso que não tenho a minima ideia de quem seja Max Gehringer, no entanto gostei imenso da forma como ele expõe o que será quiçá, a realidade no futuro. Mantive o texto na integra ou seja em portugês do Brasil.
Memórias do Século XXI

Hoje é 20 de agosto de 2124, quarta-feira, que no Brasil agora chama-se wednesday, já que o português foi oficialmente banido quando nos tornamos o 67° Estado dos United States of Wide America, em 2095.

Teve quem não gostasse, claro. Principalmente depois que a Floresta Amazônica virou a Tropical Disney World, mas a maioria apoiou porque finalmente pode tirar passaporte americano sem aporrinhação e passou a receber salário em dólar.

Ë verdade que muitos brasileiros ainda conservam um ranço xenófobo, o que é meu caso, por isso este relatório está sendo escrito em nossa antiga língua-mãe, que eu só domino porque nasci lá no distante 1980.

Fiz 144 anos, trabalho há 126, estou forte e saudável, mas já ouço insinuações de que minha carreira entrou no plano vegetativo. A vida corporativa do século XXII não é justa com o pessoal da sexta idade, como eu: basta à gente chegar aos 140, e começa a ser discriminado no trabalho...
Os velhos tempos me dão saudade (uma de nossas poucas palavras que entraram no Mega Dicionário Americano, como sinônimo para "senseless feeling"), apesar de quase mais nada ser como era.

Por exemplo, eu nasci com unha, cabelo e dente, últimos resquícios de nossa ascendência selvagem. E na juventude pratiquei zelosamente um ato denominado "sexual" para a reprodução da espécie, coisa que, hoje, a ciência simplificou muito: basta ir a qualquer McDonald's, comprar um kit de óvulo e espermatozóide (o numero 3 tem sido o preferido pelos consumidores, porque acompanha uma Coca-Cola grátis) e inseri-lo num tubo plugado a um sistema embrionário - cujo nome técnico é tamagoshi.
Depois, é só redigitar a configuração desejada do genoma e depois ir clicando os comandos para as cargas vitais de proteínas.

Simples. Em seis semanas, aparece a ficha fitoergométrica da criança, os custos de alimentação e educação e a mensagem "Are you sure you want to give birth?"
Meu filho mais novo, o 365A27W648, vulgo "8", agora deu de ser curioso e me perguntar porque no meu tempo as coisas eram tão complicadas.

Eu tentei explicar para ele que o tal ato ia alem da simples reprodução, que a gente sentia prazer em copular, e ele aquela cara de nojo, típica de adolescente recém-saído da universidade. Mas, tudo bem, ele tem só 4 anos, um dia talvez entenda melhor.

Eu sei, estou divagando, desculpem. Não é das reviravoltas da natureza que este relatório trata, e sim das relações no trabalho. Meu hiperboss vai fazer uma apresentação no mês que vem, em Urano - com o criativo titulo de "Como enfrentar os Desafios do Século XXII" - e pediu minha colaboração.

Ele quer mostrar às novas gerações a evolução da interação entre empresas funcionários ao longo dos últimos 150 anos, desde a chamada "Era Jurássica Trabalhista" (1980-2020) até o aparecimento do "Homo Pizza", no final do século XXI. E me escolheu porque eu vivi todas as etapas do processo, além de ser o único por aqui que ainda sabe usar algarismos romanos.

Então, vamos lá:

Transporte

Os empregados acordavam de manhã e iam para seu local de trabalho dirigindo um veículo pesadão e lerdo, que funcionava queimando derivados do extinto petróleo, chamado "automóvel" - não sei bem por que esse nome, que significa "move-se por si mesmo", já que o tal veículo só se movia sob comando humano e, algumas vezes, nem assim.

Mas a maior dificuldade era enfrentar o "trânsito", do latim transire, "ir para a frente", e esse era exatamente o problema, já que o trânsito quase nunca ia em frente, e daí originou-se a frase de uso muito comum, "Atrasei por causa do trânsito", que literalmente significa "Fiquei para trás porque fui para a frente". Ou seja, aquele povo era duro de entender. O mais incrível é que, apesar de tanta confusão e contrariando a lógica, as pessoas ainda conseguiam chegar ao que chamavam "local de trabalho".

Local

O sistema jurássico de trabalho era coletivo, e as empresas até usavam jargões como "teamwork" para incentivar essas aglomerações, sem atentar para o fato de que elas eram uma fonte de proliferação de micróbios.

O ponto de encontro era o escritório, um lugar onde os funcionários escreviam, daí a origem da palavra. Eram áreas enormes, onde pessoas se amontoavam em cubículos e passavam a maior parte do tempo produzindo "documentos", cuja principal finalidade era a de servir como evidência física de que as pessoas estavam ocupadas. Após produzidos, os documentos eram imediatamente arquivados", de preferência em lugares onde nunca mais pudessem ser localizados. Isso na época tinha o mesmo nome de hoje, "burocracia". A diferença é que os atrasados do século XX faziam tudo com oito copias, e nos, 50 anos depois, conseguimos reduzir para sete.

Individualidade

O primeiro passo para erradicar o coletivismo inútil foi o "SoHo" (Small office, Home office), uma sigla surgida aí por 2000, que permitia aos funcionários trabalhar, confortável e produtivamente, em suas próprias casas.

No Brasil, uma das conseqüências imediatas do SoHo foi o aparecimento de uma variante esperta, o "SoNo". O que obviamente implicou num aumento brutal da quantidade de documentos produzidos, porque só assim os chefes acreditariam que seus funcionários estavam acordados em suas casas.

Depois do SoHo veio o "SoCo", ai por 2050. O "Co", todo mundo sabe, significa Chip Office.

Foi quando as corporações conseguiram implantar um microchip em cada funcionário para controla-lo 24 horas por dia, desde o batimento cardíaco até o nível de atividade dos neurônios. Uma das características do SoCo que mais agradou as chefias - alem do comando de "wake up call" - foi a possibilidade de emitir um choque elétrico remoto quando o funcionário atrasasse a remessa de um documento.

Jornada

Trabalha-se oficialmente 2 horas por semana, mas já há rumores de que a jornada será reduzida para 100 minutos semanais. O que, tirando o tempo necessário para o sono e as inconveniências fisiológicas - que não sofreram alterações nos últimos 100 000 anos -, da umas 120 horas ociosas por semana. O professor Domenico De Masi, que vive em estado de hibernação metafísica na Itália, afirma que isso é um absurdo, e defende a tese de que no futuro trabalharemos 100 minutos por ano.

Mas o problema, mesmo, é que nunca conseguimos nos acostumar com o ócio.
Por isso, nossa maior fonte de renda atual é a hora extra - fazemos, em média, 14 delas por dia, inclusive aos sábados.

Efeitos Colaterais

Hoje, as mega-corporações vêm se questionando se essa troca do trabalho grupal pelo individual foi realmente um progresso. Primeiro, porque ninguém mais conhece ninguém, já que os "colegas" viraram imagens digitalizadas.

Segundo, porque todo mundo ficou sedentário e engordou uma barbaridade.

E terceiro porque os antigos executivos eram estressados, e os novos sucumbem à depressão, o que acarreta muitos suicídios (ou, em linguagem ciberneticamente correta, Self Alt+Ctrl+Del).

O maior guru de administração do século XXII - Tom Peters, vivendo confortavelmente em estado gasoso, num tubo de ensaio - publicou recentemente um artigo que esta causando uma comoção corporativa. Ele defende a tese de que "nada substitui o contato humano". Incrível, dizem seus fiéis admiradores, que ninguém tivesse pensado nisso ainda.

Emprego

Conseguir um bom emprego hoje em dia não é difícil. O duro é se manter nele, porque as exigências para resultados de curtíssimo prazo aumentam cada vez mais. O tempo médio de permanência num emprego e de 28 horas. Dai o conceito em moda ser o da habilidade para saltar de galho em galho, ou "businessbilidade", que se resume a três fatores: experiência cósmica, formação galáctica e ser bem relacionado com quem manda.

Sexo

As diferenças entre sexos não são mais limitantes para o preenchimento de um cargo. Não porque tenha acabado a discriminação, mas porque acabaram os sexos. A antiga classificação "masculino/feminino/outros" caiu em desuso a partir do momento em que os assim chamados "homens" e "mulheres" equilibraram seus níveis de testosteronas e estrogênio. A ambivalência chegou a tal ponto que hoje os dicionários só registram a palavra "testículo" como sinônimo de "pequeno teste aplicado a estagiários".

Hierarquia

Nos tempos primitivos, as posições hierarquicas eram decididas ou por competência ou por protecionismo. Mas levava vantagem quem acumulava mais diplomas. Tudo mudou a partir do momento em que foi implantado o sistema de "Transferência Integral de Informações", pelo qual qualquer ser humano, quando completa 2 anos de idade, é acoplado a um megacomputador Deep Blue e absorve, em 15 minutos, o conhecimento acumulado pela espécie nos últimos dez milênios. Tem aí uma novíssima teoria dizendo que isso nos transformou numa raça de esponjas, e que o grande diferencial atual é saber pensar por conta própria.

Segundo a teoria, há uma minoria de pensantes que consegue se perpetuar nas chefias porque tem "Inteligência Psicoemocional", ou seja, uma combinação balanceada de "instinto", conhecimento" e "autocontrole".

Eu acho que já ouvi isso antes, só que não me lembro bem quando foi.

Relacionamento

Os funcionários tem abertura para se comunicar fora do trabalho, desde que respeitem o conceito-chave do século XXII: Lógica Absoluta, ou seja, os assuntos devem ficar restritos aos negócios. Sentimentos e emoções, manifestações consideradas contraproducentes, estão proibidas desde 2104.
Mas sempre tem quem não sabe aproveitar a liberdade: nosso maior problema social são os subversivos que se reúnem escondidos para praticar o maior delito da atualidade: rir e contar piadas. Não é por acaso que o maior best-seller desta semana é o cibertexto de auto-ajuda "Você Pode Ser Feliz, Desde Que Ninguém Saiba".

Internet

A arcaica Internet, uma rede de comunicação que causou furor no fim do século XX, e que hoje é citada como exemplo de paranóia coletiva, foi substituída pela Infernet, a qual todos somos plugados logo ao nascermos.

A palavra veio do latim infernus, "subterrâneo", uma analogia a seu formato de raízes que alimentam o caule central. O caule, de onde saem e para onde convergem todas as informações, e a Suprema Inquisição, cuja regra é "Todos somos iguais perante Deus". Sendo que Deus, como todos sabem, é Bill Gates.

Conclusão

Em meus 144 anos vi o futuro ir acontecendo, e aprendi pelo menos uma coisa: as previsões estavam sempre erradas. Acho que descobri o porquê.
Outro dia achei um livro antigo, que já caiu em desuso por ser a negação da lógica. Mas de qualquer forma, lá foi escrito, há milhares de anos, que cada dia é diferente do outro, exatamente "para que o homem nunca possa descobrir nada sobre seu próprio futuro (Eclesiastes, 7, 14).



Max Gehringer

quarta-feira, maio 04, 2005

A Rota do Sonho

Não precisa desistir.
Nos momentos de dúvidas e de temores, desvie sua rota para um porto seguro, onde possa reabastecer sua fé e confiança em cada dia.
Cuide de permanecer o tempo em que os sonhos não adormeçam ou que você possa esquecer de sonhá-los.
Atrás das nuvens serenas, quando o sol anunciar presença, é chegada a hora de seguir viagem.
Corajosamente, assuma o leme, o norte, a vontade, a sorte.
Com suavidade, deixe-se guiar aos sonhos, por alegres brisas marinheiras, no relógio cósmico da vida.
Tudo existirá como em seu sonho ou como em outros antes de você.
Angela Moura

domingo, maio 01, 2005

Poema à Mãe

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No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe!

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos!

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura!

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos...

Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -,
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
"Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal..."

Mas - tu sabes! - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu...
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas...
Boa noite. Eu vou com as aves!


Eugénio de Andrade, Antologia Breve