quarta-feira, outubro 27, 2004

Não importa a ordem.

Não ipomtra a odrem das lrteas de uma plravaa...
De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol que
vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.

Icnrievl.


O Tamanho das Pessoas


Os Tamanhos variam conforme o grau de envolvimento...

Uma pessoa é enorme para você, quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado.

É pequena para você quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade, o carinho, o respeito, o zelo e até mesmo o amor

Uma pessoa é gigante para você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto com você.

E pequena quando desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.

Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas.

Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações.

Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande... é a sua sensibilidade, sem tamanho...

Willian Shakespeare

terça-feira, outubro 26, 2004

Como manter um nível de insanidade saudável...

1) No teu horário de almoço, senta-te no teu carro estacionado, põe os óculos escuros e aponta um secador de cabelos para os carros que passam. Vê se eles diminuem a velocidade.

2) Sempre que alguém te pedir para fazer alguma coisa, pergunta se quer batatas fritas a acompanhar.

3) Encoraja os teus colegas de sala a fazer uma dança de cadeiras sincronizada contigo.

4) Coloca o tua lata de lixo sobre a mesa e escreve nela "Entrada".

5) Desenvolve um estranho medo de agrafadores.

6) Põe café descafeinado na máquina de café por três semanas. Quando todos tiverem perdido o vício da cafeína, muda para café expresso.

7) No verso de todos os teus cheques escreve "Referente a suborno".

8) Sempre que alguém te disser alguma coisa, responde com "Isso é o que tu pensas".

9) Termina todas as tuas frases com "...de acordo com a profecia.".

10) Ajusta o brilho do teu monitor para que ilumine toda a área de trabalho. Insiste com os outros que gostas assim.

11) Nao uses pontuações.

12) Sempre que possível, pula em vez de andares.

13) Pergunta as pessoas de que sexo são. Ri histericamente depois delas responderem.

14) Canta na ópera com os cantores.

15) Vai a um recital de poesia e pergunta porque é que os poemas não rimam.

16) Descobre onde é que o teu chefe faz compras e compra exactamente as mesmas roupas. Usa-as um dia depois do teu chefe as usar.(Isto é especialmente efectivo se o teu chefe for do sexo oposto.)

17) Manda e-mails para o resto da empresa para dizer o que é que estás a fazer. Por exemplo: "Se alguém precisar de mim, estou na casa de banho , 3ª porta à esquerda".

18) Dispõe uma rede de mosquitos ao redor da tua secretária. Põe um CD com sons da floresta durante o dia inteiro.

19) Quando sair dinheiro da caixa automática, grita JACKPOT.

20) Ao saíres do Zoo, corre na direcção do parque de estacionamento, gritando "Salve-se quem puder, eles estão soltos!".

21) À hora do jantar, anuncia aos teus filhos: "Devido à nossa situação económica, teremos que mandar um de vocês embora".

22) Todas as vezes que vires uma vassoura, grita: "Amor, a tua mãe chegou!".E a última maneira de manter um nível saudável de insanidade...

23) Manda este texto para todos os teus amigos, mesmo que eles já tenham mandado para ti, ou tenham pedido para não lhes mandares mais nada. Experimentem, vão ver que se sentem muito melhor...!!!

segunda-feira, outubro 25, 2004

Nova definição de "avó"

Os conceitos vão mudando ao longo do tempo, nem sempre para melhor!!!

Nova definição de "avó"

Artigo redigido por uma menina de 8 anos e publicado no Jornal do Cartaxo.

"Uma Avó é uma mulher que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros. As Avós nao têm nada para fazer, é só estarem ali. Quando nos levam a passear, andam devagar e nao pisam as flores bonitas nem as lagartas.

Nunca dizem "Despacha-te!". Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem apertar-nos os sapatos. Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo ou uma fatia maior.

As Avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes. Quando nos contam historias, nunca saltam bocados e nunca se importam de contar a mesma história varias vezes.

As Avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo. Não são tão fracas como dizem, apesar de morreram mais vezes do que nós. Toda a gente deve fazer o possível por ter uma Avó, sobretudo se não tiver televisão."

domingo, outubro 24, 2004

Vacina para travar a malária...

Vacina da Malária para breveUma boa notícia é sempre bem recebida e para quem como eu viveu em Africa alguns anos, esta é uma excelente notícia.
A malária mata por dia mais pessoas que o Cancer e nem a SIDA, consegue ser tão mortifera.
Durante anos usaram-se os anti-palúdicos que nem sempre foram de grande eficácia, para além de terem efeitos colaterais bastante desagradáveis.
Espero que esta vacina chegue bem depressa ao mercado, pois com a sua utilização, serão poupadas milhares de vidas anualmente

sábado, outubro 16, 2004

À conversa com um Amigo...


Há muito que não falava tanto tempo com alguém, hoje, como se costuma dizer, tirei a barriga de misérias.
É sempre um prazer falar com quem também nos escuta.
Ficamos ali os dois falando de tudo e de nada, lembrando o passado (de cada um), e contando as nossas estórias.

Quase duas horas à conversa, em torno de um café vienense*, uma delicia.

O local do encontro era inicialmente o EntreCopos, mas este encontrava-se fechado, então optamos pelo Espazio Buondi, um café moderno com uma decoração muito surrealista em tons de vermelho e negro, um local bastante agradável.

O apetite clamava pela caipirinha prometida, mas tivemos que nos quedar pelos cafés, sabendo que a caipirinha fora apenas o pretexto, para nos encontrar-mos e pôr-mos a conversa em dia.

À conversa, sem tema pré-definido, apenas soltando as palavras que nos fluíam leves empurradas pela música ambiente.

O tempo foi passando sem peso e nem demos conta como correu célere, até que o som do telefone nos trouxe para a realidade.

No ar ficou uma promessa... quem sabe um destes dias não repetimos a dose de conversa, mas desta vez em torno da desejada caipirinha?!?!


* Informação: Os Vienenses conheceram o café através dos turcos, todavia, achavam o café turco amargo. Na busca de um melhor sabor, as casas de café de Viena, introduziram inovações como o primeiro café filtrado e a adição de natas ao café. Esta última, conhecida em Viena desde o século XVIII, ficou famosa em todo o mundo com o nome de Café Vienense.

Para preparar esta tradicional especialidade de café, coloque num copo de vidro típico (tipo flute)uma parte de expresso Buondi e duas partes de leite vaporizado, previamente preparado. Cubra com uma enorme roseta de chantilly e, antes de servir, polvilhe com chocolate em pó.

terça-feira, outubro 12, 2004

Virtual ou Real

Estamos vivendo um período em que dois mundos se confundem: o virtual e o real.

Muitas pessoas, especialmente jovens, adolescentes e crianças, dedicam horas do seu dia no mundo virtual.

Por falta de alguém que lhes oriente ou lhes faça companhia no mundo real, buscam suprir essa carência na Internet.

Batem longos papos... virtuais. Olhos nos olhos? Não. Talvez nem se conheçam.
Trocam abraços apertados, mas não sentem o calor humano.

Enviam flores... virtuais. Sem perfume, sem textura, sem graça...

É um mundo atraente, porque oferece uma grande variedade de opções e exige esforço mínimo.

Nesse mundo, gastam horas e horas sem perceber que o tempo passou.

Sentam-se confortavelmente diante de um microcomputador e viajam pelo mundo... sem sair de casa.

Não é preciso enfrentar problemas no trânsito, nem pagar passagem, nem sofrer com a chuva, com o calor ou o frio.

Muitos entram pelas portas desse fascinante mundo virtual em plena luz do sol e só se dão conta que já raiou um novo dia quando o sono avisa que a madrugada chegou.

Nesse mundo em que amigos imaginários se encontram, pouco importa a realidade de uns e de outros.

Eles não se conhecem, ou se conhecem pouco, mas trocam inúmeras informações, nem sempre verdadeiras, pois isso não tem tanta importância.

Vivem intensamente esse mundo, onde a imaginação tem asas...

Onde se pode fazer o que se deseja sem que ninguém saiba. Conectar-se com os mais variados assuntos e obter prazeres imaginários.

Poderíamos até dizer que para alguns esse mundo virtual é mais fascinante que a realidade.

Mas será que o uso desmedido desse recurso não está nos tornando insensíveis, falsos, viciados, promíscuos?

Será que não estamos navegando em águas sombrias e perigosas?

A Internet é um avanço importante para facilitar nossa vida e abrir novas portas de comunicação e integração entre criaturas.

No entanto, não surgiu para que fechemos a porta do mundo real.

Não surgiu para que evitemos o contato físico com nossos familiares, nossos vizinhos e amigos.

O mundo virtual, por mais atraente que seja, não tem calor, nem perfume, não tem a vibração da natureza, nem o brilho do sol.

É um mundo onde tudo é válido... Mas nem tudo é verdade.

Sem o contato pessoal não se pode perceber o apoio num sorriso, a compaixão num olhar, o calor de um aperto de mão, nem a docilidade de um gesto de ternura.

Quem se isola no mundo virtual acaba perdendo a sensibilidade e desenvolvendo a indiferença diante dos acontecimentos reais.

A Internet surgiu para abrir novas possibilidades em nossas vidas, e não para que nos isolemos em casa, fugindo da realidade para viver da imaginação.

Nossa caixa de mensagens pode estar abarrotada de beijos, abraços, bom dia e boa noite, feliz aniversário e outras felicitações... Virtuais.

Isso tudo pode ser deletado com apenas um clique ou com um defeito qualquer na máquina.

Mas quando um abraço aproxima dois corações e uma voz deseja um bom dia com convicção, os registros ficam gravados na alma, onde nada, nem ninguém, pode apagar.

Por todas essas razões, abra as portas e as janelas para que o sol penetre em sua vida.

Note os vizinhos... Eles podem estar precisando de alguém que lhes diga: "Olá! Tenha um bom dia!"

Ouça o choro ou a gargalhada de seus irmãos. Eles são reais e não estão no mesmo lar que você por acaso.

Não se tranque em seu mundo virtual.

Sinta o perfume das flores...

Ouça o canto dos pássaros...

Ande na areia e deixe a espuma das ondas tocar seus pés...

Vivendo intensamente o mundo real, você perceberá que o mundo virtual terá outro significado em sua vida.

Um significado mais belo e mais abrangente.

Deixará de ser fim para ser um excelente meio de progresso.

Agradeço a uma grande amiga, Anita, que há muito deixou de ser virtual, ter partilhado este texto comigo. Bem hajas nina!

segunda-feira, outubro 11, 2004

Pense nisso...

Um sujeito estava colocando flores no túmulo de um parente, quando vê um chinês colocando um prato de arroz na lápide ao lado. Ele se vira para o chinês e pergunta:
- Desculpe, mas o senhor acha mesmo que o defunto virá comer o arroz?
E o chinês responde:
- Sim, quando o seu vier cheirar as flores!

Moral da História:
"Respeitar as opções do outro, em qualquer aspecto, é uma das maiores virtudes que um ser humano pode ter. As pessoas são diferentes , agem diferente e pensam diferente . Portanto, nunca julgue. Apenas tente compreender."


Talento para chefe

Um professor pede aos alunos que escrevam uma redação sobre o tema:
"Se fosse diretor de uma empresa".
Todos começam a escrever excepto um.
- Luisinho, porque não começa a escrever?
- Estou à espera da minha secretária.

domingo, outubro 10, 2004

Grande Susto

Foi numa fila como esta q amolgaram o meu carro Um destes domingos, contra o que me é habitual, resolvi ir almoçar a Setúbal.
Assim lá pelas 12h30 +/-, saímos de casa decididos a ir degustar uma bela caldeirada no restaurante Plano, que fica junto à doca em Setúbal, ali mesmo ao lado do cais do ferry.

Chegados à ponte 25 de Abril junto à zona da pimenteira, deparamos com a fila de transito parada, e nós, claro, paramos também. A nossa frente num Bmw, também ele parado, a senhora no banco do pendura retocava a maquilhagem.
Após cerca de minuto e meio sensivelmente, somos arremessados contra o Bmw, tinham batido na nossa traseira. O meu condutor saiu do carro, assim como o condutor do Bmw, também ele amachucado, para verem a gravidade do acidente. Decidiram, para não empatar o trânsito, encostas um pouco mais à frente.

O carro que nos bateu era um Polo, e ao volante vinha uma senhora jovem ainda e extremamente nervosa. Com a pancada fomos nós também bater no tal Bmw, onde a senhora apresentava queixas ao nível da coluna cervical, [posteriormente vim a saber que não teve sequelas].

Resumindo dos três carros o meu é o que se encontra em pior estado, a bagageira não abre, e os pára-choques dianteiro e traseiro, estão bastante amolgados. Os três condutores, chegaram a acordo e foi feita a participação amigável e o caso está prestes a ser resolvido.
Bom, posto isto dirão vocês: " Mas em que é que esta estoria é diferente das outras?" Já explico!

Estando no dia seguinte (segunda-feira) parada numa transversal da Av. da República, já depois de ter feito a participação à companhia de seguros, eis que me sinto [de novo] projectada, desta vez para o vazio pois não estava ninguém à minha frente.
Penso para comigo "irra já não posso sair de casa". A pancada foi pequena e se o carro não estivesse já amolgado, não o ficaria, porém começava aqui uma das mais caricatas situações vividas por mim.
O senhor que me bateu (levemente), esticou o pescoço para ver os estragos que teria feito e deitou as mãos à cabeça, da sua boca ouvi sair um "Valha-me Deus".Saindo do carro, o senhor já visivelmente alterado, bastante nervoso balbuciava com a mão na cabeça, "Ai valha-me Deus", "mas como é que isto foi possível" " é claro que a culpa é minha" etc, etc...

No meio de tanto nervosismo eis que começo a rir, um riso descontrolado e que deixou o senhor ainda mais nervoso, vocês não estão a ver a cara do sujeito a olhar para os estragos do meu carro, já que no dele não havia um beliscão.
Quando finalmente me controlei, disse para o senhor:- "Bolas pá ainda ontem me bateram e agora você outra vez"O homem olhou para mim e incrédulo pergunta: - "Então quer dizer que não fui eu quem fez estes estragos todos?"
- Não, não foi o senhor, pode ir à sua vida que eu tenho mais o que fazer. E continuando a rir, arranquei, não sem antes olhar para a cara do homem que mudou de cor não sei quantas vezes, até voltar à cor normal, mas ligeiramente pálida.

Coitado não ganhou para o susto.

sexta-feira, outubro 08, 2004

Barbarismos da Linguagem Corrente


DESCULPABILIZAÇÃO -- A mania, que certos políticos grangearam ultimamente, de se quererem evidenciar das outras pessoas pelo emprego de palavras de formação exótica ( tais como: conflitualidade, facilitismo, priorização, amiguismo ou confiabilidade), leva-os por vezes à criação de aberrações linguisticas da natureza do termo referido no título desta entrada lexicográfica.


Ora, se nós dispomos, há séculos, do vocabulário desculpa, constituído apenas por oito caracteres, para expressar ideia de justificação, porque motivo havemos de aceitar agora a palavra desculpabilização, formada por mais nove letras, cujo acréscimo nada beneficia o sentido já bastante explícito do pensamento que se pretende transmitir?


Como não podia deixar de ser, os colaboradores do sempre discutível e dispendioso " Dicionário da Língua Portuguesa", apesar das nossas constantes objurgatórias acerca deste assunto e similares, não se retraíram de dar acolhimento, nas suas próprias páginas, a este inqualificável disparate! Não os imitemos no bizantismo, pois a linguagem tradicional, herdada dos nossos antepassados, merece maior respeito!


DESLARGAR-- Este verbo, ocorrente nas páginas 263, 265, 270, 283, 298 e muitas outras do romance" que farei quando tudo arde?", escrito por António Lobo Antunes, considera-se de formação espúria e contraditória. E isto porquê? Porque largar é sinónimo de soltar, desprender, e, como o sufixo des traduz uma ideia de negação, logo: deslargar significa necessariamente não soltar, não largar, o que representa, na realidade, a ideia aposta àquela que se deseja transmitir ao nosso interlocutor.


Usemos apenas, portanto o verbo largar, sem qualquer prefixo de reforço, se nos pretendermos exprimir em português de boa cepa, e deixemos apodrecer o inditoso deslargar no arquivo das invenções inúteis, ainda que estejam perfilhadas por escritores de renome.


DESPISTAR-- Desde há longos anos empregado em português com o sentido específico de sair de pista, desnortear-se ou desorientar-se, o verbo registrado em epígrafe começou agora a ser insistentemente usado por alguns alguns médicos, em vez de rastrear, na frase despistar uma doença (tradução literal do francês dépister une maladie).


Ora, nós não precisamos deste barbarismo para nada, pois em português de lei já dispomos felizmente, da locução rastrear uma doença, a qual traduz, com rigorosa propriedade, a ideia que desejamos transmitir ao nosso interlocutor.


E que pretendem, afinal, aqueles médicos, senão pesquisar investigar, procurar, indagar, encontrar, descobrir, desvendar a pista de uma doença, precisamente o contrário da ideia que o verbo despistar exprime? Deixemos, portanto, despistar os veículos, as pessoas ou animais, que sejam forçados, por qualquer motivo, a sair do seu caminho (pista), desde que lhes não aconteça qualquer desastre, mas continuemos a manter na linguagem quotidiana a expressão rastrear uma doença, conforme a prática tradicional dos clínicos de craveira do Professor Ricardo Jorge, cujo amor à nossa língua sempre se manteve na primeira linha das suas preocupações.


Por: Francisco Alves da Costa in: Olivais - Outubro /2004

quarta-feira, outubro 06, 2004

Aula de Desenho



Meu filho põe sua caixa de pintura à minha frente.
Pede que eu desenhe um pássaro.


Ponho o pincel no pote de cor cinza
e pinto um quadrado com fechaduras e grades.

Seus olhos se enchem de surpresa:

Mas isso é uma prisão, papai!
Não sabes desenhar um pássaro?

E lhe digo: - Filho, me perdoe.
Esqueci a forma dos pássaros.

Meu filho põe então o caderno de desenhos à minha frente.
E pede para que desenhe uma espiga de trigo.


Tomo um lápis.
E desenho uma arma.

Meu filho ri de minha ignorância, perguntando:
Papai, não sabes a diferença entre uma espiga de trigo e uma arma?

E digo:
Filho, uma vez usei a forma da espiga de trigo, a forma do pão, a forma da rosa.
Mas nestes tempos duros as árvores da floresta se juntaram aos homens da milícia

e a rosa agora veste uniformes escuros.

Neste tempo de espigas,
de trigos armados,
de pássaros armados,
de cultura armada,
e de religião armada,
não se pode comprar o pão

sem encontrar uma arma em seu interior.

Não se pode colher uma rosa do campo
sem que seus espinhos nos arranhe a cara.

Não se pode comprar um livro
que não vá explodir entre nossas mãos.

Meu filho se senta na borda da minha cama
e pede que eu recite um poema.

Uma lágrima cai de meus olhos na almofada.

Ele a toma, surpreendido, dizendo:
Mas esta é uma lágrima, papai!

Não é um poema!

E lhe digo:
Quando cresceres, meu filho,

e quando aprenderes o diwan da poesia árabe,
descobrirás que "palavra" e "lágrima"

são irmãs gêmeas e que o poema árabe não é mais do que uma lágrima
chorada por dedos que escrevem.

Meu filho toma seus pincéis,
a caixa de tintas da minha frente e pede que eu desenhe uma pátria.

O pincel treme em minhas mãos e eu me afundo, chorando...


Nizzar Qabbani
Escritor Sirio
1923- 1998
Considerado um dos maiores poetas árabes do amor e da política.
Destacou-se com obras eróticas que quebraram as tradições literárias do Oriente Médio e pela defesa incansável da emancipação da mulher.

segunda-feira, outubro 04, 2004

Nobreza Humana

Placido DomingoJosé Carreras

Possivelmente você já ouviu ao menos falar sobre os três tenores.

O italiano Luciano Pavarotti, os espanhóis Plácido Domingo e José Carreras.
É possível mesmo que os tenha assistido pela TV, abrilhantando eventos como Copa do Mundo de futebol. O que talvez você não saiba é que Plácido Domingo é madrileno e José Carreras é catalão. E há uma grande rivalidade entre madrilenos e catalães.

Plácido e Carreras não fugiram à regra. Em 1984, por questões políticas, tornaram-se inimigos. Sempre muito requisitados em todo o mundo, ambos faziam constar em seus contratos que só se apresentariam se o desafeto não fosse convidado.

Em 1987, Carreras ganhou um inimigo mais implacável que PlácidoDomingo. Foi surpreendido por um terrível diagnóstico de leucemia. Submeteu-se a vários tratamentos, como auto-transplante de medula óssea e trocas de sangue. Por isso, era obrigado a viajar mensalmente aos Estados Unidos.

Claro que sem condições para trabalhar, e com o alto custo das viagens e do tratamento, logo sua razoável fortuna acabou. Sem condições financeiras para prosseguir o tratamento, Carreras tomou conhecimento de uma instituição em Madrid, denominada Fundación Hermosa, que fora criada com a finalidade única de apoiar a recuperação de leucêmicos.

Graças ao apoio dessa fundação, ele venceu a doença. E voltou a cantar. Tornando a receber altos cachês, tratou de se associar à fundação. Foi então que, lendo os estatutos, descobriu que o fundador, maior colaborador e presidente era Plácido Domingo. Mais do que isso, descobriu que a fundação fora criada, em princípio, para atender a ele, Carreras. E que Plácido se mantinha no anonimato para não o constranger por ter que aceitar auxílio de um inimigo.

Momento extraordinário, e muito comovente aconteceu durante uma apresentação de Plácido, em Madrid. De forma imprevista, Carreras interrompeu o evento e se ajoelhou a seus pés. Pediu-lhe desculpas. Depois, publicamente agradeceu o benefício de seu restabelecimento.

Mais tarde, quando concedia uma entrevista na capital espanhola, uma repórter perguntou a Plácido Domingo por que ele criara a Fundación Hermosa. Afinal, além de beneficiar um inimigo, ele concedera a oportunidade de reviver a um dos poucos artistas que poderiam lhe fazer alguma concorrência. A resposta de Plácido Domingo foi curta e definitiva:

“Porque uma voz como essa não se podia perder.”

Fazer o bem sem ostentação é grande mérito.
Ainda mais meritório é ocultar a mão que dá. Constitui marca de grande superioridade moral. Não saber a mão esquerda o que dá a mão direita é uma imagem que caracteriza admiravelmente esse tipo de benefício.
Quando, ao demais, o benefício tem por objectivo maior atender um eventual desafeto, torna-se ainda mais meritório. A criatura demonstra, com tal atitude, estar acima do comum da humanidade. Que essa história não caia no esquecimento. E, tanto quanto possível, nos sirva de inspiração e exemplo.

Uma ótima semana a todos!



sábado, outubro 02, 2004

Amigos Virtuais

Por uma tela, te conheci...
Aprendi a amar, a rir e a chorar.
Aprendi a acreditar, pois deles só posso "ver" os sentimentos....
Aprendi a gostar sem saber a cor, o credo, classe social ou algo mais, coisas típicas de nossa sociedade material.
Doei... um pouco de mim, um pouco de tempo e até de trabalho também.
Mas, recebi muito mais!
Recebi calor humano, carinho e amor de pessoas que talvez, sem o computador, nem imaginasse existir.
Por força do hábito, os chamo de amigos virtuais.
Virtuais? Que nada! São tão reais quanto eu...
Ah!... quem dera o mundo aprendesse essa lição, aprender a gostar sem julgar, sem buscar fatores externos ao amor e à compreensão.
Obrigada por existires!

Se...

Se existir guerra, que seja de travesseiro;

Se existir fome, que seja de amor;

Se for para ferver, que seja o sol;

Se for para enganar, que seja o estômago;

Se for para chorar, que se chore de alegria;

Se for para mentir, que seja na idade;

Se for para roubar, que se roube um beijo;

Se for para perder, que se perca o medo;

Se for para cair, que seja na gandaia;

Se for para ser feliz, que seja o tempo todo!!!!

A verdade

A verdade, quando impedida de marchar, refugia-se no coração dos homens e vai ganhando em profundidade o que parece perder em superfície... Um dia, essa verdade obscura, sobe das profundidades onde se exilara e surge tão forte claridade, que rasga as trevas do Mundo.

Rolão Preto

Armadilhas da Língua Portuguesa

Você sabe o que é tautologia?

É o termo usado para designar um dos vícios de linguagem que consiste na repetição de uma idéia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido. O exemplo clássico é o famoso "subir para cima" ou o "descer para baixo". Mas há outros, como você pode ver na lista a seguir:

- elo de ligação; - acabamento final;

- certeza absoluta; - juntamente com;

- em duas metades iguais; - sintomas indicativos;

- há anos atrás; - vereador da cidade;

- outra alternativa; - detalhes minuciosos;

- a razão é porque; - anexo junto à carta;

- de sua livre escolha; - todos foram unânimes;

- conviver junto; - facto real;

- encarar de frente; - multidão de pessoas;

- amanhecer o dia; - criação nova;

- retornar de novo; - empréstimo temporário;

- surpresa inesperada; - escolha opcional;

- planejar antecipadamente; - abertura inaugural;

- continua a permanecer; - a última versão definitiva;

- possivelmente poderá ocorrer; - comparecer em pessoa;

- gritar bem alto; - propriedade característica;

- demasiadamente excessivo; - exceder em muito.


E agora a deveras surpreendente moral da estória...


Note que todas essas repetições são dispensáveis.

Por exemplo,"surpresa inesperada". Existe alguma surpresa esperada? É óbvio que não.

Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias. Fique atento às expressões que utiliza no seu dia-a-dia... Vários destes exemplos,usamos e nem nos damos conta!

É engraçado!

Verifique se não está caindo nesta armadilha.

sexta-feira, outubro 01, 2004

Eu amo Lisboa!!!

Eu amo Lisboa!!!
Quem chega a Lisboa à noite, pela margem sul do altivo e prateado Rio Tejo, depara-se com uma paisagem única.

A cidade, vista assim do alto da ponte 25 de Abril, é magnifica.
O rio parece prata nesta noite de lua cheia, redonda e brilhante como nunca.
Ao fundo a basílica iluminada, majestosa, faz lembrar tempos senhoriais.

Pelas ruas circulam pequenos pontos luminosos, uns seguem outros procuram um local para estacionar, a noite convida a passeios pedestres.
A luz da lua ilumina esta cidade que eu amo e que há muito não via assim.

As casas parecem peças de presépio, do meu presépio quando eu era menina. Casinhas iluminadas, quais bolas coloridas penduradas no pinheiro que na altura era ainda dos que tinham cheiro de pinheiro.

As calçadas estreitas, parecem os trilhos que eu desenhava no musgo recém apanhado, trilhos que serpenteiam a encosta do castelo. Imponente, no alto da encosta, encontra-se o Castelo de S.Jorge, de onde se tem uma das mais belas vistas sobre a cidade de Lisboa, faz lembrar a cabana onde no meu presépio repousava o Menino nas palhas deitado.

Ao entrar em Lisboa, desta vez, mil e uma coisas me afloraram à memória, entre elas, uma, a única que me fez escrever, Lisboa é tão bela como quando eu tinha 8 anos.


A beleza desta cidade que eu amo, não mudou e eu continuo a olhar para a minha cidade com o mesmo encantamento com que olhava, em menina para as luzes de Natal que enfeitavam as avenidas.

Eu amo Lisboa!!!

«Algo mais»

Jovens portugueses apostam na dor.
Em Portugal há jovens que se auto-mutilam.


São muitos os jovens que vivem num sofrimento psicológico tão intenso que se ferem a si mesmos para sentir dor.
As feridas cumprindo temporariamente a função de sedativos, são gritos que anunciam um sofrimento a pedir ajuda. Tentam comunicar.
Ouvir e compreender são os passos-chave para a cura. Mas nem sempre os ouvidos estão atentos a estes sinais de alerta e os jovens vão-se perdendo e embrenhando cada vez mais por vielas escuras, onde detrás de cada porta o inimigo espreita, espera pelos momentos mais frágeis e aparece como o "amigo" com solução para todos os males.

Essa solução passa na maior parte dos casos por uma experiência com cannabis ou ecstasy, o adolescente fica, como eles dizem, na maior, mais tarde quando estas drogas leves já não fazem efeito passam para outras mais fortes as chamadas drogas pesadas.

Um dos grandes prazeres de xxx, um jovem de 24 anos, era bater a noite na maratona das raves, megafestas que reúnem milhares de pessoas ao som de música tecno. Para ele, noitadas assim exigem uma receita especial: luzes «estroboscópicas», batidas de música pesadas e ininterruptas e... algo mais.

«Alguma coisa que me faça sentir como se a música entrasse na minha cabeça de uma maneira diferente, mais intensa», dizia.

Esse «algo mais» já foi o ecstasy, uma mistura de alucinógeno com anfetamina, também conhecida como a «droga da violação» ou, simplesmente, «E».

O combustível preferido do xxx era o GHB, sigla para ácido gama-hidroxibutírico. Esta nova droga, baptizada de «ecstasy líquido», tem conquistado um número cada vez maior de jovens - especialmente aqueles grupos capazes de passar horas e horas a dançar nas pistas de discoteca.

«As emoções vão e vêm como uma onda. Fico sem noção de tempo, espaço ou velocidade. Só sinto a música», descrevia xxx, que, por motivos óbvios, prefiro manter no anonimato.

No decorrer de raves, alguns jovens chegam, inclusivé a escrever as inicias GHB na mão para que, no caso de serem encontrados inconscientes ou a sofrer convulsões, este possa ser o sinal para «entendidos» de que não é necessária assistência médica, uma vez que daí a três, quatro horas despertarão do seu blackout.

Vendido sob a forma de pó ou já diluído em água, o GHB é incolor, não tem cheiro e o seu sabor é levemente amargo. Por ser consumido sob a forma líquida, começa a fazer efeito, no máximo, em meia hora - um pouco menos que as duas horas exigidas pelo ecstasy.

Se misturado com álcool, como geralmente acontece, o efeito do GHB é ainda mais potente. E perigoso, ao ponto de começar a ser recorrentemente utilizado em locais nocturnos, de forma a induzir estados semi-comatosos e amnésicos, nomeadamente em mulheres, e assim conseguir imobilizá-las, sem que estas possam reagir a um potencial violador.

Quando acordam, não se recordam de nada. Apenas uma ligeira náusea e algum atordoamento. Os seus malefícios vão das náuseas e vómitos ao risco de morte.
«Trata-se de uma droga tão forte que o uso experimental pode levar a quadros sérios, como a overdose e o coma».


xxx faleceu com 25 anos. Uma overdose de GHB colocou termo a uma vida meteorica.

O pequeno dever...

Há uma falta de sal em tudo, uma falta de cor, uma falta de encanto.
Perdemos qualidade. Nas canções, nas danças, na literatura, na pintura, na arquitectura... Os nossos heróis são pessoas vulgares que se pintaram, ou, então, canalhas por quem nos deixámos enganar.

Quando fazemos turismo, visitamos antigos monumentos ou os monumentos da natureza: há muito que não fazemos nada que mereça ser apreciado. As grandes obras desta época foram coisas destinadas a fazer dinheiro...

Quando lemos (de qualquer modo sempre preferimos um filme, porque dá menos trabalho e é mais rápido...), lemos os livros que estão na moda. A moda, porém, não resulta - principalmente nos dias que correm - de um critério de qualidade, mas de campanhas publicitárias bem estudadas, que se destinam... a fazer dinheiro. Os outros escolhem por nós. E recolhem todo o benefício.

Somos homens entretidos com a nosso conforto e com o nosso prazer. Esquecemos que devíamos fazer da nossa vida uma obra-prima; que estávamos aqui para encher uma medida; que tínhamos um caminho empinado para percorrer.

Recusámos a santidade - porque era trabalhosa - e, com ela, partiram a beleza, a poesia e o amor.
Devia ser a busca da santidade a levar-nos por dentro de nós mesmos até chegarmos a um estado de tensão e de beleza interior que nos possibilitasse produzir coisas belas. Mas assim, não: ninguém pode dar aquilo que não tem.

Esvaziámo-nos. E agora as nossas mãos desenham à nossa volta figuras vazias.
Já nem sequer somos verdadeiramente capazes de amar. Por termos deixado de lutar contra o nosso pior inimigo - que somos nós mesmos, aquilo que de mau existe em nós - não somos verdadeiramente senhores das nossas pessoas. E, por isso, não temos a capacidade de nos darmos aos outros - que isso é o amor.

Evitamos os compromissos sérios, fugimos das palavras que não têm retorno; fugimos, portanto, do casamento (e se não fugimos desfazemo-lo quando surgem dificuldades). E isso é outra manifestação de não sermos donos de nós mesmos, de não termos tido as vitórias interiores necessárias para sermos homens no verdadeiro sentido da palavra. Não somos livres.

Um sorriso amável no meio do cansaço, terminar bem uma tarefa profissional, deixar um objecto arrumado no seu lugar, fazer neste momento o que não deve ser adiado, optar pelos meios honestos, procurar a verdade de cada situação, prestar um pequeno serviço a quem está perto de nós. Hoje um pouco melhor do que ontem.

O pequeno dever de cada momento: não é preciso ir longe para chegar longe!........