sexta-feira, janeiro 19, 2007

Gizmo - o gato pára-quedista, ou estarei preparada para ser avó?


Gizmo, branco, cinzento e castanho é um dos gatos da minha filha, a prima dele, a Misha, é totalmente branca e é uma "lady".

O Gizmo na semana passada resolveu desafiar a lei da gravidade e "saltou" dum quarto andar. Por motivos que não interessa estar aqui a explanar, foi socorrido pela União Zoofila, onde foi dado como indigente, que depois o reencaminhou para uma clinica veterinária, onde foi sumariamente assistido.

Quando finalmente soubemos do paradeiro do Gizmo, através de informações recolhidas junto de vizinhos, corremos a busca-lo e trouxemo-lo para casa no fim de semana, sábado 13 de Janeiro.

Soubemos depois na clinica que o Gizmo teve que ser operado a uma pata traseira, a esquerda, onde lhe foi colocado uma peça metálica (espigão), para garantir que esta cicatrizaria na posição correcta, e numa das patitas dianteiras, a direita, foi-lhe colocada uma tala, pois supostamente teria partido um dedo.

O pobre do Gizmo vinha, como era de esperar, terrivelmente assustado e assim que viu a dona, -a minha filha- começou a miar muito de mansinho, pois desconfio que não tinha força para o fazer mais alto.

A recuperação estava a ser lenta. mas parecia no bom caminho, até que hoje, dia 19 de Janeiro, sou acordada pela minha filha, que em prantos me diz, que o Gizmo estava a morrer.

Saltei da cama e vim observar o gatito que ainda nem tem um ano, a respiração era ofegante e descompassada, de imediato ligamos à veterinária do Gizmo que nos aconselhou a leva-lo para o Hospital de S. Bento, pois lá têm urgência 24/24horas, e foi o que fizemos.

Após a observação clinica, do veterinário que se encontrava no hospital, achou-se por bem fazer radiografias ao Gizmo, não só aos pulmões, mas também às patas para ver como estavam a cicatrizar.

Os pulmões revelaram o principio duma pneumonia, o que era de esperar só ouvindo a respiração dele, mas a surpresa aparece quando olhamos as radiografias das patas.

A pata traseira, onde foi colocado o espigão e cujas pontas do osso deviam encontra-se alinhadas, tinham um espaçamento de quase um centímetro uma da outra, e na pata da frente, onde supostamente ele teria partido um dedo, vê-se que, na realidade partiu três dedos e que estes estão a cicatrizar todos tortos e sobrepostos uns nos outros.

O Gizmo veio para casa conosco, mas vai ter que ser observado pelo ortopedista-veterinário e possivelmente terá que ser operado outra vez.

A clinica para onde ele foi mandado pela União Zoofila, tratou o Gizmo como gato indigente, logo usou o mínimo de meios de diagnóstico, e mandou para casa um gato sem se assegurar que o trabalho que fez estava feito correctamente. (...)

Este acidente com o Gizmo e o meu comportamento face às várias fases que passaram desde que ele caiu até à madrugada de hoje, alertou-me para o facto de que eu possivelmente não estarei preparada para ser avó.

A impotência perante o sofrimento de alguém que não sabe falar a língua que entendo, fez-me pensar -e se fosse o meu neto/a, como iria eu reagir?- A ansiedade e a preocupação toldam-nos os sentidos e temos reacções imprevisíveis, hoje com o Gizmo, senti-me inútil, apenas podia fazer-lhe festas e estas infelizmente nem sempre são o bastante.

Espero, nos meses que ainda faltam para ser avó, aprender a controlar a ansiedade e o medo da perda, pois só com a cabeça lúcida terei capacidade para resolver ou fazer com que resolvam os acidentes de percurso inevitáveis na vida duma criança.

O Gizmo, da sua caminha aqui ao meu lado, olha para mim com uns olhos tristes de dor, mas muito meigos e acena a cabeça em concordância absoluta com o som das teclas.

Mais logo ficaremos a saber se terá que voltar a ser operado ou não.