A Farsa
Sou o grito da prosa,
numa rima forçada.
A raiva da pena,
presa e amordaçada.
Se não houver,
nem poema,
nem arte,
fica a palavra...
a iludir a verdade.
Seguro o verso,
foge-me o verbo,
e a farsa disfarça...
a farsa.
Não sinto se subo,
ou desço...
quando escrevo.
Não sinto sequer se me movo,
ou se quieta me quedo.
Sinto-me leve,
como um voo...
sem terra.
Num céu de segredo,
numa cinzenta esfera.
Não sou mais alta,
nem sou mais baixa...
sou, apenas,
os dois degredos.
- JÓ -
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