quarta-feira, maio 10, 2006

A Farsa


Sou o grito da prosa,
numa rima forçada.
A raiva da pena,
presa e amordaçada.

Se não houver,
nem poema,
nem arte,
fica a palavra...
a iludir a verdade.

Seguro o verso,
foge-me o verbo,
e a farsa disfarça...
a farsa.

Não sinto se subo,
ou desço...
quando escrevo.
Não sinto sequer se me movo,
ou se quieta me quedo.

Sinto-me leve,
como um voo...
sem terra.
Num céu de segredo,
numa cinzenta esfera.

Não sou mais alta,
nem sou mais baixa...
sou, apenas,
os dois degredos.

- JÓ -