Fatita
Fatita era uma mulher jovem e alegre que só pedia para ver crescer a filha acabada de nascer.
Fatita morreu de cancro nos ossos aos 27 anos.
Ela tinha uma "boa" vida, casada há 3 anos, tinha acabado de parir quando os sintomas se manifestaram. Seguiram-se longos meses de tratamentos e mais tratamentos que apenas serviram para minorar as dores que ela sentia. Ela era escrivã no tribunal, mas de nada lhe serviu pois a morte não perdoa e nem sequer faz acórdãos.
Num sábado de carnaval a Fatita morreu, estava demasiado agarrada à vida, não queria deixar a filha que tinha apenas um ano. Foi duro vê-la morrer, é sempre mau quando alguém morre, e mais ainda, sendo assim jovem e com tudo para ser feliz, mas a vida foi madrasta e terminou cedo demais, para quem tinha uma enorme alegria de viver.
A Fatita marcou a minha vida pois foi a primeira, (e espero a última) pessoa já sem vida que ajudei a vestir. Ainda hoje, passados que estão 15 anos eu não consigo apagar da memória os últimos instantes de vida dela. Momentos de uma emoção imensa em que ela, já quase sem forças para falar, dizia: - a menina... a menina? Peguei-lhe nas mãos escurecidas e falei perto do ouvido dela: - a menina está bem, está a dormir, sossega e vai em paz.
No meio dos esgares próprios de quem está a morrer, creio ter visto um sorriso e os seus olhos fecharam-se pela última vez.
Fatita morreu de cancro nos ossos aos 27 anos.
Ela tinha uma "boa" vida, casada há 3 anos, tinha acabado de parir quando os sintomas se manifestaram. Seguiram-se longos meses de tratamentos e mais tratamentos que apenas serviram para minorar as dores que ela sentia. Ela era escrivã no tribunal, mas de nada lhe serviu pois a morte não perdoa e nem sequer faz acórdãos.
Num sábado de carnaval a Fatita morreu, estava demasiado agarrada à vida, não queria deixar a filha que tinha apenas um ano. Foi duro vê-la morrer, é sempre mau quando alguém morre, e mais ainda, sendo assim jovem e com tudo para ser feliz, mas a vida foi madrasta e terminou cedo demais, para quem tinha uma enorme alegria de viver.
A Fatita marcou a minha vida pois foi a primeira, (e espero a última) pessoa já sem vida que ajudei a vestir. Ainda hoje, passados que estão 15 anos eu não consigo apagar da memória os últimos instantes de vida dela. Momentos de uma emoção imensa em que ela, já quase sem forças para falar, dizia: - a menina... a menina? Peguei-lhe nas mãos escurecidas e falei perto do ouvido dela: - a menina está bem, está a dormir, sossega e vai em paz.
No meio dos esgares próprios de quem está a morrer, creio ter visto um sorriso e os seus olhos fecharam-se pela última vez.
Para ti estas flores, as tuas preferidas, com todo o meu carinho.
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