domingo, setembro 05, 2004

A Farsa




Sou o grito da prosa, numa rima forçada.
A raiva da pena, presa e amordaçada.
Se não houver, nem poema, nem arte,
fica a palavra... a iludir a verdade.

Seguro o verso, foge-me o verbo,
e a farsa disfarça... a farsa.
Não sinto se subo, ou desço... quando escrevo.
Não sinto sequer se me movo, ou se quieta me quedo.

Sinto-me leve, como um voo... sem terra.
Num céu de segredo, numa cinzenta esfera.
Não sou mais alta, nem sou mais baixa...
sou, apenas, os dois degredos.



- Jó -