domingo, setembro 05, 2004

Women on Waves

O Presidente da República Jorge Sampaio anunciou que vai pedir explicações ao Governo sobre a proibição da entrada do chamado "Barco do Aborto" em águas territoriais portuguesas.».Um presidente que, num regime semi-presidencialista, "anuncia" publicamente que vai pedir explicações ao Governo, ou seja, anuncia públicamente que vai cumprir os deveres que a Constituição lhe impõe, é um presidente que não está em condições de exigir o que quer que seja, porque se encontra refém do poder executivo...

Jorge Sampaio, entretanto, lembrou também que ainda é o comandante supremo das Forças Armadas e anunciou que, amanhã, pedirá explicações ao primeiro-ministro. Tendo em conta que a crise começou na sexta-feira à noite, a pronta reacção do chefe de Estado é, mais uma vez, de registar. ..

Entretanto Portas já remeteu o PR para as suas declarações anteriores: "Sr. Presidente da República, tenha presente que o Mar Português é um "mar de princípios". E isso não se compadece com quaisquer tentativas de V. Exa. se intrometer nos assuntos de Estado. Vá dar uma voltinha na Sagres, ou beba uma Sagres (passa a publicidade), que isso passa-lhe"...

O mais sórdido, obviamente, não é isto. O verdadeiramente sórdido é que, com a complacência generalizada, Portugal insista numa lei do aborto que envia para a Clínica dos Arcos, em Badajoz, ou para a Clínica El Bosque, em Madrid, as mulheres que precisam de abortar. Destas clínicas sabem-se os nomes porque, diariamente, sem que ainda tenha havido qualquer operação terrestre na fronteira, anunciam os seus serviços nos jornais e têm alvará do Ministério de Saúde espanhol. As outras, as da marquise da enfermeira da maternidade que não vêm nos jornais, contribuem para a miséria nacional e não valem o esforço de uma corveta de guerra...

Para trás, barco do Inferno, fora com as abortadeiras dos países apropriadamente chamados de baixos! Pudera, com tanta baixaria, que agora até querem exportar para o nosso querido, bom e velho Portugal, um país, graças a deus, conservador, de boa e sã moral, brandos costumes, princípios, ordem, ética e firmeza no cumprimento da lei, onde o mal não existe porque "nós, os do governo" assim o decretámos.

Força Portugal! Ainda hás-de ser o farol da Europa!