segunda-feira, setembro 06, 2004

A vida

A vida é como um novelo, que vamos desenrolando. Por vezes puxamos o fio com muita força e ele parte-se, é aí que entram os nós.

Os nós são dificuldades, entraves, sonhos por concretizar. Esses nós embaraçam o novelo de tal maneira que por vezes fica difícil seguir o fio à meada. Só com muita paciência e determinação se consegue abrir caminho no emaranhado dos fios para continuar a dobar.

Ao nosso novelo, em dado momento começamos a juntar fios de outras cores, na tentativa de encontar um que combine bem. Por vezes não se acerta logo à primeira e por isso o novelo fica uma salganhada em que não se percebe muito bem qual é o nosso fio e de quem são os outros.

Estas são as pontas soltas, aquelas que vamos deixando pelo caminho pois não valem a pena.


Quando finalmente encontramos a cor ideal amarramo-la na tentativa que ela dure para sempre. Pensamos que daí para a frente nao serão mais dois novelos mas sim um só, maior e mais fortalecido, capaz de enfrentar todas as tesouras que a vida, madrasta, nos coloca, tais ratoeiras de que não nos apercebemos.

Essas ratoeiras parecem quando menos são esperadas e tornam o fio mais fraco, tão fraco que ao minimo puxão ele se parte. Faz-se mais um nó, remenda-se a vida na tentativa vã de remediar o que já não tem remédio.

E assim se vai seguindo de remendo em remendo, de nó em nó, esperando que o novelo se acabe, pelo meio vamos ganhando alento com os novelinhos que trouxemos a este mundo. Eles são agora a nossa prioridade, a nossa razão maior e enfeitamos cada um deles com pompons coloridos, tecemos na frente deles para lhes eliminar os nós do caminho.

Estes novelinhos, fios do nosso fio, são a maior criação, tal pano tecido com fios de ouro e prata, o nosso maior tesouro.